É curioso verificar que na polémica ateada pelo plano do governo para a habitação lemos nesta secção do Público principalmente as opiniões daqueles que discordam. Pelo teor das missivas sou levado a pensar que uns são proprietários (ou “privados”), outros aproveitam a oportunidade para dar mais umas porradas no ceguinho e outros, muito simplesmente, não terão muito mais que fazer e, vai daí, segue mais uma carta ao Director. Pessoalmente não sou capaz de formar uma opinião com capacidade de resistência argumentativa mas a minha simpatia vai toda para aqueles que não vêem cumprido o seu direito constitucional à habitação. Vivemos num país de salários baixos (ou miseráveis) onde o preço da habitação em certas zonas compete com o de cidades capitais de países com níveis de vida muitíssimo superiores.
Terminaria fazendo notar ao leitor Bernardo Barahona Corrêa que o camelo, da história da Bíblia, não é um mamífero mas sim um cordame, daí a metáfora com o buraco da agulha. A compreensão deste mundo não está ao alcance de todos os animais; confesso a minha impotência.
Rui Silvares
Carta enviada ao director do jornal Público
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