Enquanto Caronte não chega contemplamos memórias difusas, inventamos pretextos que preencham as conversas. As memórias vêm e vão, trazidas e levadas pela corrente eterna e lenta do escuro rio. Sob o negrume das águas adivinham-se almas errantes que nadam como se fossem peixes esquecidos do que são. Enquanto Caronte não vem.
Enquanto Caronte não chega tentamos encontrar motivos que façam do tempo uma coisa viva, uma coisa que possamos viver juntos. Prolongamos a espera. Sabemos que Caronte vem a caminho. Não sabemos se rema ou deixa a sua nave negra simplesmente vogar por sobre as águas quietas. Aguardamos. Sabemos que Caronte lá vem.
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