Se não chegas ao Jornal Nacional (ou lá como se chamam os serviços noticiosos na televisão, sejam lá eles quais forem desde que sejam à hora em que o pessoalzinho está sentado defronte ao cubo mágico), se não chegas a essa coisa, então é muito provável que não existas.
Se, por ordem inversa de acontecimentos (im)prováveis, lá apareces, iupi!, podes começar a pensar na melhor forma de te pareceres com alguma coisa que não seja um miserável elemento dos Homónimos Anónimos. Se o teu corpo físico surgir plasmado no espelho cego dos nossos sonhos é tempo de colocares a questão: Quem sou eu? (quem és tu?)
Melhor será, caso passes a existir por obra e graça dos mass media, que te questiones sobre o que pareces. Então perguntas ao espelho mágico: O que pareço eu? (o que pareces tu?)
Enquanto vegetas do lado de cá do écrã sabes perfeitamente que não existes e, no entanto, estás aqui. Vais preparando a ficção da tua realidade virtual, uma narrativa que te assente como uma luva, uma luva que sirva na perfeição da tua mão direita. Cada dedo um momento grandioso, a palma da tua mão um espírito nobre, o espírito que te anima e joga aos dardos com o teu anjo da guarda, na tasca da tua alma.
Enquanto estás a dormir (e ainda não existes) o teu esprito e o teu anjo, jogando e bebendo canecas da cerveja amarga fabricada com o sentido da tua vida liquefeito, continuas a ser um desgraçadinho. Um desgraçadinho que sonha e sabe que a esperança é a última coisa a morrer. Mas também morre.
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