quarta-feira, maio 06, 2009

O Senhor dos Desenhos


Desde anteontem que tenho pensado muito em Vasco Granja. É das tais coisas; já me esquecera há que tempos da existência deste homem e, agora que morreu, regressou em força à minha memória. Há situações em que a morte acaba por ser mais justa do que a vida, pois estou convencido que milhares de pessoas estarão na mesma situação que eu.

Todos os que gostam de cinema de animação e de Banda Desenhada e andam na casa dos 40-50 anos se recordam dos programas televisivos em que Granja mostrava com igual paixão os filmes da Checoslováquia e do National Film Board, do Canadá. Foi Vasco Granja quem me apresentou Droopy, um dos heróis mais queridos da minha infância.

Leitor compulsivo de revistas de Banda Desenhada, habituei-me a ler os textos de Granja no Tintin e a comprar as mais variadas edições por ele promovidas. Enfim, Vasco Granja foi uma personagem importantíssima na divulgação das narrativas desenhadas em Portugal. Para mim foi super-importantíssimo pois foi através dessas narrativas que descobri e desenvolvi o meu gosto pelo desenho e, mais tarde, pelas artes plásticas, de um modo geral.

Granja estava meio desaparecido (aqui uma entrevista de 2003). A Banda Desenhada caíu em desuso e um velhote meio maníaco pela idade de ouro das revistas de histórias em quadrinhos não é a personagem mais mediática. E foi esquecido. Até anteontem, data da sua morte. Durante uns dias regressa em força o velho Vasco Granja com a sua voz característica e as palavras meio enroladas umas nas outras. Uma personagem agradável de quem era fácil gostar e que foi responsável por um sem número de coisas maravilhosas que aconteceram a milhares de portuguesinhos de gema.

Enfim, fica bem, Vasco, que nós também.

7 comentários:

Anónimo disse...

Uma lástima que se precise morrer, para se ser lembrado!E ainda, quando se tem a sorte de ser!!!!!!

Parabéns pelo post!

Caçador disse...

Vou repetir um comentário que fiz noutro sítio:
...e se eu te disser que não queria sair de casa, nem para ir à praia ou visitar familia ou sei lá que mais, para ficar a ver o programa deste homem, as minhas aulas privadas de aprender a ver, desenhos, animados ou não, mas também os ritmos e os sons e... o entusiasmo do professor, contagiante, apaixonado.
Porque é que achas que nos meus cliques há, quase sempre, desenhos animados?

Abraço.

Desarranjo Sintético disse...

Hum, realmente não sabia de quem se tratava, mas vou dar um pesquisada...nunca é tarde! Afinal o cara parece um gênio!

Abraços.
Fábio.

Beto Canales disse...

Uma lástima

Ví Leardi disse...

A imortalidade ... da morte!
Que Bom!

Silvares disse...

Eduardo, é assim a vida. Quero dizer, a morte.

Caçador, compreendo-te. Era um tempo em que a oferta televisiva para crianças era tão reduzida que um gajo tinha de se oferecer a si próprio certos pequenos luxos.

Fábio, este homem era uma personagem local e, mesmo em Portugal, os mais jovens não faem a mínima ideia de quem tenha sido.
Abraço.

Beto, é assim mesmo Por vezes esquecemos por completo a existência de alguém que acaba por regressar tarde demais.

Ví, também estou inclinado a pensar assim: é bom.

fada*do*lar disse...

Tantas coisas fantásticas que este senhor, durante anos, nos mostrou e ensinou!