sábado, maio 09, 2009

A menina e o gato magrinho ficaram em casa a chorar?




O quadro de Picasso (1881-1973), que retrata a sua filha Maya quando tinha dois anos de idade, foi pintado a óleo sobre tela em 1938 e tem um valor que, de acordo com a página electrónica da empresa que realiza o leilão, pode variar entre os 12 e os 18 milhões de euros.
O mesmo intervalo é calculado pela Sotheby´s para a escultura em bronze "Le Chat" (O Gato), com 80 centímetros de comprimento, de Alberto Giacometti (1901-1966), criada em 1951. (texto retirado daqui)


Esperava-se que alguém oferecesse pelos objectos acima retratados aquilo que por eles pediam os leiloeiros. Tanto a menina quanto o gato foram postos a leilão com a esperança (nada secreta) de que pudessem atingir um valor entre 12 e 18 milhões de euros. Ora toma! Mas, népias. Ninguém lhes pegou. O que não quer dizer que não houvesse ninguém que não desejasse levar lá para a sala de jantar um ou outro dos objectos de arte em causa. Não, nada disso! Mas, a verdade é que, seja por causa da crise económica ou da gripe dos porcos, a Sotheby's ficou com os dois objectos nas mãos.

Um salto à página da leiloeira para deitar uma vista de olhos aos resultados do dito leilão não deixa de ser impressionante (ver aqui e aqui as listas de vendas realizadas) mas a verdade é que, nos meios de comunicação, só se fala das que não foram vendidas (curiosamente, na página da leiloeira são exactamente as peças de que não se fala). Por serem as mais caras e as mais mediáticas? Talvez. Ou porque, tal como no caso da gripe assassina ou tantos outros, estamos mais interessados naquilo que pode ser mau do naquilo que pode ser bom e é isso que vende jornais e abre espaços publicitários apetecíveis?

Corot, Signac, Derain, De Lempicka, Miró, Léger, Delaunay, Maillol, Moore, Picasso, Picabia, Giacometti, Klee, Matisse, Chagall, Caillebotte, Vuillard, Redon, Boudin, Jongkind, Gauguin, Pissarro, Gauguin, Renoir, Bonnard, ufa, já estou cansado de passar alguns dos nomes que constam da lista de artistas com obras vendidas no dito leilão. É esmagador saber que andam por aí tantas obras de arte interessantes de que nunca ouvimos falar ou porque são vendidas por preços abaixo do pornográfico, logo não são assunto de interesse, ou porque os autores, apesar de conhecidos na História da Arte, não fazem parte do arsenal de beautyfull people do costume.

Não venderam o gato esfomeado, nem a menina com o barquinho. E se ninguém tiver achado as obras interessantes? E se não tivesse sido uma questão de falta de dinheiro que as deixou na leiloeira, mas sim uma questão de exagero de gosto?

2 comentários:

Anónimo disse...

Silvares,

e vendo por um outro lado, se nos fosse dado escolher, qual das duas obras preferiríamos, uma dúvida cruel, me estabeleceria!

Silvares disse...

Eduardo, prefiro não pensar nisso.
:-)