segunda-feira, março 23, 2009

Orações


Pronto, faça-se justiça. Afinal a conversa do Papa sobre o uso de preservativos em Áfirca não devia ser considerada uma vez que, a crer no que se diz por aí, o Sumo Pontífice terá sido levado a pronunciar aquelas enormidades incitado por um jornalista habilidoso que apenas pretendia criar um facto noticioso. O Papa disse muito mais coisas, coisas bem piedosas, mostrando o seu lado bom, de quem se preocupa sinceramente com os males do mundo. Bem me queria parecer que o homem, perdão, o Santo homem, não podia ser tão irresponsável que fizesse daquele tema assunto de conversa por sua livre iniciativa. Uma coisa é o que ele pensa, outra o que ele diz e, ainda outra coisa, é o que faz parte dos discursos oficiais. São tudo coisas diferentes.

O papa despediu-se pedindo ajuda para os mais necessitados, o que é bem mais importante do que pedir preservativos para os mais atesoados. Denunciou a miséria e a corrupção, o que, em Angola, é feito ao alcance de muito poucos. Só mesmo o Papa poderia falar desses temas sem ser imediatamente enviado para fronteira com um carimbo de "indesejado" bem marcado no meio da testa.

Enfim, depois do post em que tão duramente desanquei o Santo Padre senti úm impulso súbito de escrever este, quem sabe iluminado por Deus ou por outra razão qualquer que não sou capaz de explicar. O Papa é o Papa e não pode desejar o mal a ninguém. Pois não?

15 comentários:

Anónimo disse...

Pronto... fica mais uma possível opinião... no entanto, concordo mais com a do post anterior, até porque me parece mais coerente com o pactuar daquela situação da excomunhão aos que ajudaram ao abordo da garota de 9 anos, lá na América do Sul...

Talvez esteja ainda a pensar no João Paulo II, e as diferenças entre ambos são ... abissais é pouco...

Mas, por falar em pobreza... talvez que a ostentação da Igreja nos vá dando motivos para... enfim, não levar sempre a sério tudo o que ( pelo menos este ) Papa diz...

the dear Zé disse...

Não me digas que viste a LUZ??!!!

roserouge disse...

Não gosto deste Papa. Há ali muito de perverso e sinistro neste homem. O olhar dele não engana. Não é bondoso. Quando João Paulo II morreu, eu tive que traduzir em contra-relógio (pela noite dentro, até às 11 da manhã) um documentário para o National Geographic sobre a vida dele e de facto, a minha opinião mudou. Também dizia disparates, claro, mas era um homem bom e muito corajoso. Este Bento XVI não me inspira confiança, não diz o que sente. Dissimula.

Anónimo disse...

Fico com o primeiro post. Sem nenhum remorso! Mantenho tudo que escrevi, e que ainda tornarei a escrever sobre a defasagem da Igreja Católica do mundo real e atual.
Uma lástima não usar toda essa força e prestígio junto aos seus fiéis para promover o uso da camisinha! É disso que se trata!

Rini Luyks disse...

Pois, agora parece-me que o caro Silvares está a ser demasiado piedoso em relação ao Papa, muito mais piedoso do que ele!
Mesmo se as palavras infelizes sobre o preservativo
fossem provocadas por insistência dos jornalistas, este Papa já fez discursos horríveis muito bem deliberados, por exemplo sobre o Islão (agora já copiado por Dom Policarpo). O exemplo das excomunhões no Brasil vem muito a propósito, como também o LEVANTAMENTO da excomunhão dum bispo que negou o Holocausto.
O homem é um cínico, não transmite carisma nenhum.
Mas mais importante do que concentrar a atenção na pessoa do Papa é estar atento à instituição que ele representa, uma instituição que procura incutir o medo pela proibição e que para mim não tem nada a ver com religião.
O "Papa sorridente" João Paulo I quis mudar este rumo e morreu após um mês de Papado em circunstâncias nunca bem esclarecidas (veja "Godfather III" de Francis Ford Coppola).

Jorge Pinheiro disse...

Os "sound bytes" da história dos preservativos obscureceu tudo o resto. É pena e, obviamente, a culpa é dos jornalistas que o santo homem é infalível!

Selena Sartorelo disse...

Olá Silvares,

Quando li o texto assinado por Dr. Draúzio Varela aos seus colegas curvei-me à serenidade, compreensão e senso de justiça que esse senhor tem. Não senti irônia no tom que usou, da mesma maneira que não sinto em tuas palavras. Como se uma coisa não tivesse nada a ver uma coisa com a outra, mesmo sendo dita pela mesma pessoa. Existe o reconhecimento das diferenças.
Não há palavra que não tenha sido dita para denegrir e ofender a igreja que não tenha sido escrita sobre o caso monstruoso do abuso sofrido por uma criança de nove anos...pois todas são muito apropriadas perante a excomunhão que a igreja cometeu e confirmou. Porém existem outras atitudes que também são de tanta importância como essa, a diferença é que não se pode também falar bem da igreja.
Não defendo a igreja...defendo o ser cristão. As vezes esqueço que o Papa existe e quando me lembro esqueço como humano e imperfeito ele é...Talvez menos, mas tão imperfeito como nós. Enfim se escreve é porque sente. E também assim você pensa naquela cirscuntância.
O díficil no meu caso é acreditar nesse senso humanitário todo do Papa, afinal perante algumas estáticas : Houve um aumento no ano passado de 3% da população africana se voltarem á igreja católica. Brasileiro debandam Africanos aderem, uma inteligente estrátegia.
Ou seria esse um homem que sente nas mãos o maior poder de todos, o poder da fé.

beijos,
Selena

Silvares disse...

Entremares, há demasiadas zonas obscuras no discurso da igreja católica.

Caçador, vi a luz mas fiquei ofuscado.

Roserouge, não sei se um Papa poderá ser bondoso com aquela igreja por trás.

Eduardo, uma igreja que defende com tanta força os seus dogmas estará sempre desfasada deste mundo porque nos quer fazer crer que existe um outro, melhor do que este.

Rini, afinal de contas a minha educação foi católica e isso não se apaga nunca da memória. Mas não gosto do Papa (nem deste nem do anterior). Não me convence(m) da bondade dos seus objectivos.

Jorge, é isso mesmo. Estou a ver que estás no bom caminho em direcção à salvação da tua alma.
:-)

Selena, também eu estou convencido que ser cristão está muito longe de ser católico ou, pelo menos, que uma coisa não implica a outra. Há padres para todos os gostos e sensibilidades. Isso é o que ainda vai mantendo a igreja católica viva.

Beto Canales disse...

O desserviço que este senhor faz para com a humanidade é extraordinário. Ando torcendo para que saia fumacinha pela chaminé da basílica...

Ví Leardi disse...

...nunca saberemos o que realmente vai na cabeça deste 'Santo Homem',a meu ver muito mais Homem do que Santo... e quem a influencia...agora achar que foi induzido pelo jornalista....já não creio...Fico mais com o primeiro post...não consigo confiar neste Sr...

Unknown disse...

Estranhos desígneos que levam o santo padre a branquear uma "democracia" podre...pior que a aleivosia sobre o preservativo foi dar a benção ao situacionismo.

Anónimo disse...

Silvares,

no mundo de hoje, será que ainda tem gente que possa crer em outros mundos? Melhores = céu. Piores = inferno? Será?

Anónimo disse...

Acho curioso, ninguém vai à Missa, mas todos se preocupam com o Papa.

Somos todos órfãos de João XIII ....

Silvares disse...

Beto, depois do post acima estou curioso para ver essa fumacinha de que você fala!
:-)

Ví, desconfio tanto quanto você. Esse homem tem cara de raposa.

Luís, a situação de que falas mostra como as palavras são levadas pelo vento.

Eduardo, tenho ouvido dizer que as pessoas estão a trocar as ideologias políticas pelas igrejas. É mais fácil ter fé no desconhecido do que lutar pelos direitos que se reconhecem.

Peri, somos órfãos sim, mas de Thomas More ou de Erasmo de Roterdão, que morreram faz muito mais tempo.
:-(

Anónimo disse...

Silvares
Religião ( para o bem e para o mal ), como a família, é como catapora, temos quando crianças e ficam as marcas para sempre.
Salvo honrosas exceções, a vida, o conhecimento e etc transformaram nossa geração em fundamentalmente agnóstica.
Mas as marcas ficaram. Estamos aqui discutindo o Papa.E acho que o último que vestiu o manto da afabilidade , do humanismo, de caridade foi João XXIII ( escrevi errado no comentário anterior ).