segunda-feira, março 02, 2009

Céu cinzento, vinha vermelha


Que responder ao céu cinzento de um dia que amanheceu pouco esperançado? Nem o café matinal foi capaz de afastar esta coisa, esta espécie de mosca interior que me patinha irritantemente as ideias. As coisas melhoraram um pouco com uma leitura rápida de algumas notas sobre Van Gogh, para a aula que se vai seguir.

Costuma afirmar-se (com toda a propriedade, aliás) que o irmão de Vincent Van Gogh, Theo, marchand de arte e patrocinador do artista, conseguiu apenas vender uma tela de todas as que recebeu em troca do seu patrocínio.

Foi esta "Vinha Vermelha" de 1888, vendida por 400 francos (Theo enviava todos os meses 150 a Vincent). Um raio de luz na vida apocalíptica de Van Gogh que, apesar de procurar a luz com uma sofreguidão extraordinária, passou mais tempo com uma mosca a patinhar-lhe a escuridão da caverna que lhe encerrava o cérebro.

Mmmmh, agora que leio este texto não consigo perceber muito bem onde lhe encontro eu um raiozinho de esperança para o que me resta deste dia. Tenho de ir para a sala de aula. Talvez ali a coisa se ilumine.

4 comentários:

Anónimo disse...

Toda AULA é um raio de luz, pelo menos para os alunos!

Beto Canales disse...

sala de aula: eis um lugar sagrado!

Luciano disse...

Ao que me parece, dentro de sua própria loucura pessoal, Van Gogh pintou com suas cores fortes, com seu traço inconfundível, cenas presentes que só seriam relamente compreendidas enquanto arte num futuro além.
Sobre as aulas, bueno: algumas iluminam outras carecem de luz e se tornam tão obscuras quanto uma tela pintada com nanquim.
Obrigado pela postagem.

Silvares disse...

Eduardo, se fosse assim seríamos todos um pouco mais felizes. Alguns alunos inisitem em continuar dormindo, com a luz apagada.
:-)

Beto, isso faria de mim um sacerdote! Há quem diga que ensinar é um sacerdócio... arrepia um pouco.

Luciano, o problema com a arte de Van Gogh foi que, penso eu, naquela época não tinha havido ainda ninguém antes dele que pintasse com tanta paixão e de forma que as suas pinturas representassem não uma paisagem ou uma figura humana mas, apenas, uma paixão descontrolada pela vida. Ao que parece uma paixão não correspondida.
Obrigado pela visita.