As peripécias por que tem passado a chama olímpica na sua caminhada em direcção a Pequim deixam adivinhar uns jogos bem estranhos. Ainda a procissão vai no adro e já há mais confusão que em todas as anteriores viagens juntas. Em Londres foi o que se viu, com os fleumáticos bófias lá do sítio a passarem-se como gente grande e a empurrarem o pessoalzinho com braços de atleta furibundo. Em Paris, segundo os últimos relatos, a chama teve de ser apagada para poder entrar num autocarro! A chama teve de ser apagada!? Cruzes, credo!!!
Sendo a chama um símbolo do olimpismo com toda uma carga simbólica associada à fraternidade entre os povos unidos no espírito imaculado do desportivismo cavalheiresco, tal como o imaginou Pierre de Coubertin, podemos dizer que este apagamento não é nada um bom augúrio.
Os jogos de Pequim serão previsivelmente uns dos mais politizados de todos os tempos. Não só pela questão tibetana mas também porque, a cada dia que passa, os cidadãos do planeta Terra anseiam cada vez mais por fazerem parte do mundo mediático, contribuindo para ele com acções espectaculares e, de preferência, radicais. O imediatismo da informação que salta da rua para o espaço virtual da NET em apenas alguns minutinhos dá uma sensação de poder que tem tanto de inebriante como de duvidoso.
Os Jogos irão para a frente, o Tibete continuará debaixo da manápula chinesa (como manda a História) e quem se lixa são os atletas que vão correr a maratona nas ruas de uma cidade hiper-poluída sem poderem levar uma garrafinha de oxigénio às costas.
Aguardam-se novos episódios de uma telenovela que promete surpresa e qualidade extra seja no enredo, seja na qualidade da produção.
1 comentário:
Ótimo texto. Essa NOVELA promete! Infelizmente! O que deveria ser uma olímpiada de congraçamento esportivo, será um palco de representações político deológicas.
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