Nascemos um bocadito engelhados mas depressa ganhamos contornos adoráveis: somos bebés. Depois o tempo vai passando. Com alguma sorte iremos ouvir muitas vezes pessoas que dizem como somos lindos e nos pedem que desempenhemos habilidades parvas. Todos se rirão com uma expressão meio imbecil afivelada nas beiças.
Com algum azar viveremos uma existência da qual o amor irá estar ausente e ninguém se rirá perto de nós. Os rostos à nossa volta serão pálidos de raiva com expressões de uma severidade absurda. Vamos crescer receosos, desconfiados e ainda mais manhosos que raposas piolhosas.
Voltando aos adoráveis bebés que poderemos ser, redondinhos, fôfos, macios como sumaúma - oh, o mundo rende-se à nossa irresistível presença. Depois vamos crescendo e o nosso verdadeiro eu vai-se revelando, aquilo que somos ganha contornos mais precisos nas nossas feições. O naríz estica-se, o queixo alarga, desponta uma barba hesitante que irá tornar-se rija como lixa para desbastar ferrugem. O sonho de ser bebé transforma-se na realidade de ser adulto.
Mais adiante, se tivermos a sorte de viver o tempo suficiente, poderemos contemplar a essência do Ser Humano que sempre transportámos dentro de nós: é a velhice. Sim, aquela coisa aparentemente decrépita e à beira da morte, és tu. Sempre foste. Não há problema, se tiveres coragem irás descobrir a beleza verdadeira.
Assim foi.
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