Fazer regressar fantasmas do passado, ainda que fantasmas simpáticos tipo Gasparzinho, pode não ser a melhor das terapias em tempo de desorientação e ansiedade. Ainda assim, que se lixe, venham eles! E eles lá vêm, regressam informes ou com aspectos diferentes daqueles que recordávamos.
Um paira dois palmos acima do chão, é um amontoado de carne, pêlos, músculos expostos, tudo amalgamado sem tino nem propósito; outro arrasta uma perna de frango ensanguentada no lugar que deveria ostentar um belo pé esculpido à maneira de Fídias e tem uma cabeçorra de meter medo ao susto. Um terceiro é apenas sombra, apenas ausência, este é, de todos, o mais angustiante.
Vão passando como num desfile de moda tenebroso. Alguns vão ficando por ali, encostados aos cantos, colados ao tecto, olhares vazios, bocas fechadas, outros não mostram vontade de ficar e dirigem-se para lá dos limites da realidade. Este mundo não é para eles.
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