A carreira política de Nuno Melo sempre foi, para mim, motivo de algum espanto. Tendo-se tornado ainda jovem uma cara conhecida do CDS, eleito para a Assembleia da República por várias vezes e, agora, representante desse partido no Parlamento Europeu, não me recordo, no entanto, de qualquer contributo relevante para a coisa pública vinda da parte do deputado.
Fazendo um esforço de memória lembro a sua participação em debates televisivos e sou apenas capaz de evocar um discurso errático, por vezes brejeiro, uma postura repleta de trejeitos e olhares marotos, sorrisos trocistas, como que a camuflar um imenso vazio interior e uma ausência confrangedora de eloquência e sageza.
A recente polémica provocada pelas suas observações, comprovadamente falsas, sobre Rui Tavares vem confirmar as minhas impressões relativas a lacunas de substância, política e humana, deste eterno “servidor” do Estado, espécie de encarnação do Calisto Elói de Camilo Castelo Branco. E, lá está, que misteriosas razões terão contribuído para tão longa e persistente carreira tribunícia?
Aqui há uns anos Jerónimo de Sousa pretendeu apoucar as listas de candidatos do Bloco de Esquerda a uma qualquer eleição insinuando que as escolhas teriam como critério principal as “carinhas larocas” de certas candidatas. Penso que Jerónimo errou o alvo.
carta enviada ao Director do Público
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