quinta-feira, dezembro 05, 2019

Deus-coisa

Somos tantos! Diz o povo que "cada cabeça sua sentença" e nós somos tantos!!! É milagroso que consigamos conviver e perdurar em sociedade. Quem busca provas da existência de alguma coisa que possamos designar como "Deus" não precisará de procurar muito para as encontrar; basta que olhe em volta e veja.

Deus, a existir, será aquilo que nos une, a coisa inominável de que todos comungamos e faz de nós seres humanos capazes de amar e de conviver de forma pacífica. Esse Deus não tem qualquer possibilidade de se aperceber daquilo que somos ou o que fazemos. É um Deus-coisa, não um velhote com dotes escultóricos, capaz de moldar o barro enquanto se vê ao espelho para depois lhe insuflar uma alma vá-se lá saber como.

Os que acreditam na versão do velhote imaginam-no uma espécie de Voz, do Big Brother televisivo, uma personagem metediça e policial que escrutina cada peido que damos. Omnipresente.

Atribuem-lhe também o dom da omnipotência, a capacidade de nos julgar e enviar com despacho para o Inferno ou, então, recolher-nos junto a Si no Paraíso. E somos tantos! Deus não terá mãos a medir embora me pareça que os que não acreditam Nele lhe poupam trabalho e levam logo todos com o selo do fogo eterno independentemente do que tenham feito com a sua vida e com a vida dos outros. Este Deus-burocrata não tem tempo a perder com infiéis, balde com eles! E são tantos!!!

O Deus-coisa tanto existe como não. Está ligado a nós todos e liga-nos uns aos outros mas não tem consciência própria, não tem corpo nem se parece com um imperador, muito menos se assemelha a um juíz. O Deus-coisa está tão longe de tudo isto!

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