Toda esta história em volta de Assange me deixa a pensar em várias coisas, nem sei bem qual delas a mais desagradável.
Fico a pensar que toda a histeria democrática com que bombardeamos regularmente os chineses por não permitirem um espaço de informação e comunicação aberto e sem censura não passa disso mesmo, histeria. Histeria e cinismo porque, afinal de contas, a liberdade de expressão não é assim tão radical como se pensa.
Penso também que o sonho de uma sociedade aberta e governada por personagens interessadas no bem comum é mais um pesadelo que outra coisa. Lá por trás anda tudo metido em cenas pouco edificantes e o que passa para os canais de informação convencionais são meros contos fantásticos. Quando alguém mete a boca no trombone e deita cá para fora hsitórias verdadeiras que desconstroem os tais contos fantásticos está a arriscar a pele. Isso não deveria acontecer mas, como podemos constatar com o caso de Assange, é o que acontece, de facto.
Finalmente, uma dúvida: o que é melhor para as sociedades democráticas, saber o que se passa ou viver na ignorância e na ilusão? A ignorância sossega, a verdade assusta?
8 comentários:
tenho mesmo que responder agora??
É exactamente essa a razão pela qual os politicos mentem, porque as pessoas não querem saber a verdade. A democracia possibilita-nos o acesso ao sonho ... e quando sonhamos ... é bom demais, é o melhor da vida ... o resto são banalidades e misérias. Quem é que se quer preocupar com isso?
é sempre melhor saber do que não saber, mesmo sendo essa verdade assustadora, o importante é termos a opção de podermos escolher as informações, as oportunidades, os caminhos...
madoka
Madoka,
Depende das pessoas, depende da verdade e finalmente depende das circunstâncias. Eu também gostava de concordar com essa máxima, mas eu próprio não tenho a certeza que tenha sempre falado verdade na minha vida e muito menos a certeza de ter uma fé inabalável na … verdade :-).
respondo com um abraço de oceano pelo meio !
Zé, podes ir pensando no assunto.
Rui, Madoka, andamos a ser, no mínimo, iludidos. O melhor é... não sei o que é melhor!
Abraço também para ti.
tota !
ehehehehe !!!
O “Caso Assange”, Silvares, lembra muito o ocorrido com o lingüista Noam Chomsky no início dos anos 70, quando ele tentou publicar o livro Banhos de Sangue (não me lembro do título original, mas creio que é algo parecido). A obra foi proibida pelo governo norte-americano e Chomsky boicotado no meio acadêmico, acusado de anti-americanismo. Conhece o livro? É extraordinário. E não tem, exceto na apresentação, nem uma linha escrita por ele. É apenas uma coletânea de dezenas de notícias de jornais de vários países, inclusive dos Estados Unidos, dando conta de massacres ocorridos durante a década de 60 com o apoio ou a participação direta de tropas norte-americanas. O livro foi lançado na França e só seria editado nos EUA alguns anos depois, quando já havia sido publicado em diversos países, inclusive no Brasil, então ainda sob o jugo da ditadura militar apoiada desde o início pela logística militar e por capitais norte-americanos...
Abraços
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