sábado, dezembro 18, 2010

Uma suspeita

Não sei se sentes o mesmo que eu, caro leitor. Eu sinto que, apesar de o tempo passar e ir deixando marcas no meu corpo, alterando-me o aspecto exterior, por dentro, naquilo que, penso, seja a minha alma, não noto alterações tão profundas quanto as rugas que agora me desenham o rosto. Lá no fundo (cá no fundo) continuo a ter os impulsos e os anseios que sempre tive  desde que me lembro de me lembrar de alguma coisa.

Na essência não me parece que esteja assim tão afasatado quanto seria de esperar daquilo que fui em criança. Suspeito que sou, que todos somos, crianças envelhecidas, crianças grandes, mas crianças.

Inventamos formas de imaginar que o crescimento do corpo implica o crescimento da alma. Que a idade adulta é muito diferente da imperfeita adolescência, que a adolescência é demasiado próxima da infância, mas cada vez mais me convenço que as coisas não são assim tão claras, muito menos são evidentes.

A idade adulta apenas dificulta a aceitação de que continuamos com desejos e impulsos infantis. Queremos continuar a ter tempo livre para brincar mas, como isso é complicado, passamos a transferir o espírito das nossas brincadeiras infantis para as relações de trabalho, para o quotidiano delirante que vivemos. Porque a vida é um eterno delírio.

Se assim for, mas posso perfeitamente estar enganado, fica explicada a razão de tanto desmando na superficie do planeta, tanta confusão e desgoverno nas nações, fica explicado o falhanço da sociedade patriarcal em que nos vamos, paulatinamente afundando. Os grandes chefes de estado não são mais que crianças tristes e angustiadas, os donos das empresas multinacionais são como adolescentes maldosos e rassabiados, todos eles, todos nós, saudosos do amor materno e do conforto uterino, memória para sempre perdida.

Imagino que a solução para os males do mundo seja entregar, de uma vez por todas, o poder às mulheres. Apenas uma mãe poderá por em ordem as nossas cabeças desorientadas de crianças.

6 comentários:

Anónimo disse...

Aqui no Brasil já fizeram, contra meu voto, claro!!!! srsr

A propósito convido-o a ler o que escrevi dias atrás:

http://nenhuressense.blogspot.com/2010/12/um-macho-na-presidencia.html

Silvares disse...

Se entregarmos o poder a mulheres machos não estaremos a resolver o problema... e, pelos vistos, homens pouco machos também apenas iludem a desgraça.
:-)

Anónimo disse...

O PROBLEMA é que mulheres no poder sempre são MACHOS, e os homens, "bichas"! Vai daí que....

Silvares disse...

Precisamos de mulheres VERDADEIRAS.
:-D

Olaio disse...

:))))

Beto Canales disse...

hehe
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