Todos os dias vejo dezenas (centenas?) de criancinhas em diferentes patamares de uma suposta evolução que, em última análise, conduzirá ao surgimento de um igual número de adultos. Dentro dos muros da escola, estas personagens enchem o espaço de uma alegria electrizante, transbordam energia (nem sempre) positiva, fazem o presente sonhar com uma possibilidade de futuro.
Sentado, dou por mim a sorrir enquanto observo alguns rapazes e algumas raparigas, lá fora, fazendo exercícios de ginástica sob o calor e o brilho do sol. Parecem inacabados e perfeitos. Olho-os e tenho a sensação de que o crescimento os irá fazer retroceder fisicamente enquanto o intelecto se fôr desenvolvendo. É como se o corpo e a mente fizessem viagens simultâneas mas em sentido inverso, cruzando-se como que por acaso, nalgum ponto das nossas vidas, potenciando uma felicidade especial que não sei se existe ou se tem alguma explicação.
Das árvores solta-se em riscos rápidos e fininhos o canto de pardais escondidos. Os miúdos abandonam o pátio. Deixo de os ver tal como não vejo os pardais mas ainda se ouvem as suas vozes a voltear em traços redondos e macios. Passarinhos!
7 comentários:
Sensacional!
Muito bom! E aqui cabe a unanimidade!
Literatura da melhor qualidade.
..a reunião de teus textos..dariam um livro de cabeceira....obrigatório...que prazer passar por aqui!
;-)
...ainda bem que há gente adulta que mantém esta capacidade de se espantar e poetisar as
banalidades.
Obrigada pela tua re visão do mundo.
Sarafonso
Contradições dos pardais.
Amigos visitantes, fico sem palavras para comentar os vossos comentários. Na verdade o que se passa é que ando a ler e, quando leio, a escrita parece ganhar outro sentido. Ontem acabei "Ninguém Escreve ao Coronel" de Garcia Marquez. Certamente que neste texto há ecos do prazer que tenho em ler o colombiano mágico!
:-)
Jorge, os pardais são pequenos milagres confusos.
:-D
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