sexta-feira, agosto 04, 2006

Isto aqui não é uma pintura!


Pois não. Sendo uma imagem virtual de uma foto tirada a uma pintura, nunca poderia sê-lo. O homenzinho do chapéu de côco, vestido de preto, encasacado, é um ícone. Não se percebe bem de quê. Tanto pode ser um corrector da bolsa como um gato-pingado. Aquela indumentária é algo misteriosa.
Este aqui, cá para mim, é a morte. Versão burocrata.
A morte tipo cobrador de impostos que não deixa ninguém escapar, que vai cobrar tudo até ao mais ínfimo cêntimozinho. Os olhos dele são duas fendas pretas. Acho que não tem olhos.
Seja lá o que for, uma pintura não é de certeza.
As coisas nem sempre são o que parecem. Eu diria mesmo que nunca são o que parecem, mas isso iria parecer exagerado e a ideia perderia impacto. Convém ir de largo, dar a sensação ao outro que está a participar da construção da ideia, manipulá-lo.
Há pessoas para quem isso é fácil. Tão fácil que até parecem estar sempre a ser sinceras e amigas, incapazes de atraiçoar um passarinho.
O que irá lá debaixo, no interior da cúpula do chapéu de côco? Quem irá pagar a dívida?

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