terça-feira, maio 23, 2023

Público, 22 de Maio de 2023

Público, 22 de Maio de 2023

Leio (página 2): “Imigrantes em Lisboa e Porto: um quarto para cinco, por mil euros” e penso “é o Mercado a auto-regular-se”. Não tenhamos ilusões, o Mercado é um bicho esfomeado, a sua auto-regulação consiste em satisfazer a gula que é a sua razão de existir. Bem podem contorcer-se os chamados “liberais”, bater no peito reclamando que há bons e maus nesta história (os que batem no peito querem acreditar que são bons). Haverá bons e maus mas, como no Gólgota, uns e outros não passam de ladrões.

Mais adiante (página 9) o texto de Ricardo Arroja, “A ciência sombria” deixa-me a impressão de que a Economia é uma ciência capaz de proporcionar previsões credíveis desde que não haja “quebras de estrutura nos dados” e fico com a desagradável sensação de que Economia e Mercado são vírus produzidos no mesmo laboratório gerido por um qualquer génio maligno, daqueles que pululam nos livros de BD, cujo único sonho é a dominação do mundo.

Por fim (página 20) “Guterres fala em fracasso moral dos países ricos e pede reformas”. Qual herói com pequeníssimos poderes, o secretário-geral das Nações Unidas faz a sua habitual pregação no deserto. Os ricos não têm ouvidos; bem podes bradar, ó Guterres!

Haverá excepções entre ricos, economistas e liberais adoradores do Mercado mas as suas vozes, abafadas na multidão dos seus pares, nunca chegarão aos céus.

 Carta enviada ao director do jornal Público

 

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