Possuímos tantas pequenas coisas que nos são imprescindíveis no dia-a-dia que mais parecemos baús de viajantes desajeitados. Antes de pormos um pé fora de casa convém verificar se levamos connosco essa miríade de coisinhas: o telemóvel, a chave de casa, a chave do carro, a carteira, os cartõezinhos, o isqueiro, o maço de cigarros e mais que de momento não me estou a lembrar.
Esquecer algum destes objectos pode fazer-nos sentir um agonia violenta ao ponto de voltarmos atrás para o recolher. Perder um deles pode revelar-se uma tragédia à moda dos gregos. Tecemos estranhas relações com coisinhas exteriores a nós que são aparentemente insignificantes, como se fossem pintos de uma enorme galinha cujo papel estamos sempre prontos a representar.
Fazemos disto um modo de vida, isto de andar a chocar objectos para depois os transportarmos e conduzirmos através das agruras deste mundo. Um dos problemas desta situação prende-se com a ausência de vida verdadeira nos nossos filhinhos queridos. De vez em quando um deles resolve esconder-se e, por mais que o procuremos, por mais que viremos tudo de pernas para o ar, o diabrete não se mostra nem revela deixando-nos meio loucos de angústia e raiva.
Dizem que é a malícia dos objectos mas talvez tudo isto seja apenas uma expressão complexa da nossa infinita estupidez.
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