Lá se passou mais um 25 de Abril, cada vez mais longe vai ficando 1974. Os cabelos embranquecem, a barriga ganha contornos de redondez mais acentuada, um ou outro músculo já se vai queixando sem grandes esforços que o justifiquem. A idade avança mas os sonhos continuam a ser sonhados, talvez a realidade não se compadeça com a sua realização.
A evolução social do nosso país tem sido uma espécie de cometa disparado na imensidão do espaço. O país que éramos, o país que somos! Sinto orgulho em fazer parte desta pandilha de tótós, capazes de feitos imensos logo abafados por atitudes colectivas desconcertantes. Somos uma sociedade um tanto bipolar, vamos da euforia à depressão profunda em menos de 10 segundos. E vice-versa.
Vivemos tempos complicados, tempos em que a tal evolução social vai sendo posta à prova e o aparente crescimento imparável conhece obstáculos difíceis de ultrapassar. É para mim um mistério este renascimento da pulsão fascista que ensombra os dias luminosos da Europa. Temo que tenhamos chegado ao topo da montanha-russa. Segue-se a vertigem da descida?
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