Fugir da normalidade ou fugir em direcção a ela? Onde está a fronteira, não a vejo!? Vagas sensações semelhantes a recordações de sonhos assaltam-me o peito, enrolam-se-me no cérebro. Não sei se também te acontece, acordado leitor, estar por vezes assim, num momento em suspensão, nem cá nem lá, talvez nem mais nem menos. Não sei se também sentes esta semelhança entre o sono e a vigília, talvez mesmo entre a vida e a morte.
Estes momentos têm uma duração tão curta, são de tal modo escorregadios, que não consigo nunca enquadrá-los devidamente. Não sou capaz de perceber se aquilo aconteceu num sonho, se foi facto ocorrido neste mundo, mas tenho a certeza que aconteceu. Aquilo aconteceu algures no tempo, em algum espaço.
Fugir da normalidade ou fugir em direcção a ela? Porquê fugir? Sentir-me-ei acossado? Receio eu alguma coisa? Estas perguntas terão respostas adequadas mas, talvez, demasiado incómodas; evito procurá-las. Por vezes penso que quando desenho ou pinto, mesmo quando escrevo, estou a tentar fixar aqueles tais momentos indefinidos da melhor maneira que sou capaz de fazer. Raramente (nunca!?) consigo.
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