Certas obras de arte parecem-me enormes bibelots. Instaladas nas galeria como se a galeria fosse a casa da tia, aquela tia que tem gostos requintados. E nós, pobres coitados, visitamos a tia com o arzinho enfiado de quem, não se sentindo à vontade, ainda assim, é capaz de devolver um sorriso.
A Senhora Curadora, uma espécie de governanta carrancuda, convencida de que se não fosse o azar aliado à cor errada bem podia ser ministra da cultura, a Senhora Curadora avança num passo decidido, sabendo que o seu é o papel principal.
O artista, enfiado, promovido a decorador de interiores, frequentou uns workshops de arquitectura paisagística que lhe valeram de tanto ou um pouco mais que nada. Lá está ele a dar conversa a um grupo de senhoras que não têm mais que fazer que não seja parecerem interessantes e interessadas .
Tudo beautiful people, hirtos na pose, gestos afectados, não vão desequilibrar os macaquinhos que lhes mantêm limpo o sótão quando inclinam as cabecinhas no gesto de emborcar o drink de fim de tarde.
- Champagne?
- Obrigado.
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