Até o Jardim do Éden era limitado por um muro em toda a volta. O muro separa o espaço e constitui obstáculo para quem seja bípede baixote. A esmagadora maioria dos quadrúpedes também marra nos muros que se lixa. Os passarinhos volteiam alegremente sobre eles, um gigante dá-lhes um piparote ou levanta simplesmente a perna e continua a andar. Mas nós, pequenos seres inquietos e nervosos, sempre receosos de não termos nada para enfiar no bandulho, nós ficamos de um dos lados do muro a imaginar o que haverá do outro lado.
Como em princípio és um bípede baixote, tal qual eu, caro leitor, sabes bem do que falo. Sabes bem o que é um muro intransponível que nos deixa a imaginar o que estará do outro lado ou nos conforta a alma por sabermos que dali não virá tão depressa bípede como nós que nos surpreenda e faça algum mal.
Um muro é um sentimento ambíguo.
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