segunda-feira, janeiro 29, 2018

Universalidade

Valores universais... universais? Há aqui uma certa confusão pois os Valores só fazem sentido numa perspectiva estritamente humana.

As raposas, os carapaus e as serpentes não se regem pelo mesmo tipo de Valores que os seres humanos e, no entanto, fazem parte dos habitantes deste planeta. Que dizer, então, dos habitantes de outros planetas que façam perto do nosso Universo?

Imaginemos, na medida do possível, uma espécie alienígena.

Imaginemos seres gasosos ou com 50 metros de envergadura ou seres que não suportem a proximidade da água. Que tipo de Valores serão queridos por estas coisas tão diferentes de nós?

Como poderemos convencer uma galinha de que a Dignidade é um Valor Universal quando nos preparamos para a degolar, depenar e enfiar na panela? Assim como assim, a nossa capacidade de comunicar com um galináceo é de tal modo reduzida que a bicha se há-de estar bem a cagar na nossa conversa.

Imaginemos uma espécie alienígena que se apaixone perdidamente pela nossa carnucha e invente mil e uma receitas de como cozinhar o corpo humano. Imaginemos um talho intergaláctico com carcaças humanas penduradas nas vitrinas. Quem poderá, em boa consciência, criticar os extra terrestres por nos quererem comer se nos alambazamos em carne de vaca, de faisão, de coelho, lagosta, pato, seja o que for que nade, voe, caminhe sobre as patas ou rasteje sobre o ventre (esse castigo divino infligido à puta da serpente).

Valores universais? Imaginemos o nosso planeta invadido e ocupado por seres demasiado grandes, demasiado fortes, demasiado desenvolvidos tecnologicamente, com demasiados dentes nas bocas, línguas compridas e viscosas a lamberem uma espécie de beiças e com os quais sejamos incapazes de comunicar.

Imaginemos o que vai na cabeça de uma vaquinha que nos olha com aqueles olhos de carneiro mal morto enquanto mastiga a ervinha com toda a elegância...

Oxalá sejamos invadidos por uma espécie vegetariana que adore bróculos e beterrabas.

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