quinta-feira, novembro 18, 2010

O deserto está vazio


É a partir de amanhã que se reúne em Lisboa a tão badalada cimeira da NATO. Que vai ser histórica, dizem os polítiquitos tugas, sempre a tentarem enfiar os respectivos nomes nas páginas dos livros que contam como as coisas foram, esquecendo-se de tentar inscrever os nomes nas páginas dos livros que propõem como as coisas vão ser; que é uma reunião importantíssima para o futuro desta santa aliança, dizem os analistas, que vai ser uma grande merda, digo eu (que sou um chato).

As medidas de segurança em volta do pessoal que voa de todas as partes do mundo em direcção a Lisboa como limalha de ferro atraída por um íman poderoso, fazem da capital portuguesa um local em aparente estado de guerra. As fronteiras da nação estão fechadas durante o tempo que durar esta coisa, há polícia por todo o lado, carros revistados, pessoas revistadas, como nota Miguel Esteves Cardoso no Público de hoje, a Lisboa que os visitantes ilustres vão ver parece-se mais com a célebre Green Zone de Bagdad que com a menina e moça daquela canção que por vezes ainda se ouve por aí.
Todo este aparato marcial faz pensar. Mas, deixando de lado os tais pensamentos que, só por si, davam material para um post que nunca mais acabava, deixo apenas uma pergunta: porquê em Lisboa, meu Deus?

Porque se faz uma reunião destas no meio de uma cidade que tem o seu ritmo de vida diário normalzinho, o seu quotidiano delirante bem oleado e em funcionamento, que vai parar na sexta-feira; uma cidade que é posta em estado de sítio num dos países mais pacíficos deste mundo (há quem diga que é um país em estado de coma andante). Até parece que se está a convidar um bando de demónios para reunir na capital do paraíso! Porque não fazem estas merdas em lugares onde não haja uns milhões de pessoas a atrapalhar os figurões? Os desertos estão sempre tão vazios...

2 comentários:

Schlorpsie disse...

na lua é que eles ficavam bem...para sempre.

Silvares disse...

Pobres lunáticos.
:-)