Tenho tentado ignorar ao máximo esta coisa da cimeira da NATO (ou da OTAN, como se diz em português esta coisa). Há, a toda a volta do acontecimento, um folclore que me indispõe. São os políticos que parecem querer apenas as suas oportunidades de foto de mão dada com Obama e um sorriso afivelado nas beiças. Ou a parecer que estão a dizer uma coisa muito importante a fulano, talvez o assunto seja sicrano, mas podem muito bem estar apenas a dizer que "hoje ainda não caguei" que o resultado é o mesmo. A foto só mostra o aspecto não mostra o conteúdo. E é assim que toda esta pompa e circunstância aparece aos meus olhos. O que sai cá para fora, o que nos entra nos ouvidos, é uma ínfima parte do que por ali se discute. Nas sessões abertas aos jornalistas só se deixam cair da boca para fora discursos de circunstância, bocas para fazer manchetes agradáveis. As conversas que interessam, aquelas que são hard-core, 1º escalão, têm-se à sorrelfa, longe dos orelhudos que escrevinham nos jornais.
Do outro lado, nas ruas, o folclore é diferente mas também parece obedecer a regras pré-formatadas. São os gajos com rastas e os que se algemam em cima dos que se deitam no chão. Todos pacifistas e anti-guerra e anti-qualquer-coisa que lhes cheire a não-sei-quê. Também estes procuram a sua oportunidade de foto, por que outra razão uma pessoa haveria de despejar latas de tinta vermelha pela cabeça abaixo?
Nos dias em que esta coisa andou por aqui continuei a comprar jornais mas, em vez de ler os longos textos de especialistas e jornalistas limitei-me a ver as fotos. Afinal de contas é o que realmente interessa aos protagonistas de todo este folclore mediático.
Um dia de protestos anti-NATO no centro de Lisboa from jmsb on Vimeo.
4 comentários:
Olá, Silvares!
Post estupendo. Pois é isto mesmo - o que os homens de poder discutem são negócios - a agenda social, ecológica, o que for, serve aos interesses econômicos, não o contrário. A agenda que todos noticiam e comentam é a fachada do que se discute nos bastidores. É circo. Esta coisa do protesto também anda tão passé, atitudes nos serviriam muito mais do que slogans que, de tão óbvios, esvaziam-se de significado.
Um abraço,
Silvares,
Gosto de seus posts e acho seus assuntos pertinentes.
Não tenho comentado pois por algum motivo não tenho sido respondida, enquanto todos os outros são.
Desculpe minha queixa. Só comento hoje por não entender o que se passa.
Mesmo assim, quando posso, passo por aqui. Mas comentários, fico nesse ultimo, mesmo.
abcs,
lina
Lina, não me diga que eu não respondo aos seus comentários!!! Se isso acontece é porque eu não vejo. Por vezes os comentários aos posts mais atrasados podem ficar sem resposta, mas certamente porque acabei por não os ler. Como poderia ser de outro modo!? Desculpe se dei a impressão de estar a fazer de propósito... impossível!
Daniela, na verdade estou um pouco cansado desta farsa. Preferia que me mentissem e depois assumissem a mentira. Quando mentem e tentam mostrar que estão a falar verdade...
Enviar um comentário