Li hoje uma notícia na secção de economia do Público que dá conta que no topo da lista dos presentes de Natal mais populares na Europa estão... os livros! Ainda anteontem aqui deixava um post sobre a razão da não-leitura que uma aluna minha me havia apresentado e sobre as dúvidas que sinto a respeito da sobrevivência futura da literatura e, catrapumbas, aqui está uma notícia que contradiz os meus receios. "Ora toma que é para aprenderes a não seres pessimista" pensei eu, rindo de mim próprio, sentindo até um pouco de desdém pela minha pessoa por ter sido capaz de imaginar semelhante bizarria. A literatura pode lá sucumbir à indiferença das novas gerações!
Assim reconfortado continuei a vaguear preguiçosamente pelas páginas do jornal mas havia qualquer coisa que continuava a barafustar lá ao fundo da minha caverna craniana. Voltei atrás para perceber o motivo de tal desassossego e lá estava eu, teimoso como uma mula, a não me deixar descansar sobre este assunto.
"Claro que os livros são os presentes mais populares na Europa!" dizia eu, "Enquanto for a nossa geração a deter o poder de compra vamos continuar a investir nessas relíquias mas estamos a cavar a sepultura dos livros quando oferecemos jogos de computador e DVD's como complemento. Os livros vão direitinhos para a prateleira e os putos vão colar os olhinhos nos écrãs horas a fio, consumindo o tempo e a inteligência em gestos e rotinas maquinais... um inferno!!!". Abanei a cabeça por perceber que não desisto de ser pessimista. Virei-me as costas e saí dali, enfadado, fartinho de me aturar.
Pousei o jornal e regressei ao livro que estou a ler: "O Natal do Senhor Scrooge e Os Sinos do Ano Novo" de um tal Charles Dickens. É nestas ocasiões que penso como seria bom se conseguisse ler os textos no seu inglês original.