Esta manhã, ao fazer o caminho de casa para o trabalho, dei por mim a olhar as nuvens que passeavam calmamente sobre os prédios recortados no azul celeste. Cá em baixo a cidade comportava-se com a monotonia habitual, um jogo de rotinas e trajectos definidos pelas existências humanas que, tal qual a minha, se vão espreguiçando na linha do tempo. Intervalos entre o nascimento e a morte, coisas dignas do mais profundo esquecimento. A frase de Lévi-Strauss regressou como uma imagem que se torna nítida no meio do nevoeiro quando o penetramos.
Esta ideia de que a humanidade é apenas um intervalo (entre o seu nascimento e a morte anunciada) na vida do planeta Terra já me assombrou noutros tempos. Estava apenas esquecida. É um pensamento algo deprimente. Olhar as crianças e os velhos que se deslocam perto de mim iluminados por esta evidência devastadora não é coisa que me abra o apetite para o pequeno-almoço. Apesar disso comi um folhado misto e bebi o café habitual enquanto ia folheando o jornal matutino.
A humanidade não é mais que um inquilino desleixado que alugou partes significativas do planeta durante um determinado espaço de tempo. Um dia abandona o condomínio e não vai deixar grandes saudades aos que por cá ficarem.
É triste?
Será.
Mas, o que se há-de fazer?
A resposta é tão evidente que provoca um sorriso: viver!
6 comentários:
muito legal
Viver, enquanto é tempo!
Boa crônica!
Viver e morrer com saúde.
é isso aí.
do pó viemos e pro pó retornaremos.
madoka
Amigos, o Jorge diz tudo, "viver e morrer com saúde" é o melhor que podemos pedir a quem quer que nos possa satisfazer o pedido!
:-)
Só fico pensando na arqueologia dessa 'civilização'. Será que seios siliconizados, e outras aberrações, não confundirão os cientistas?
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