Já vi muita gente a engolir sapos. Uns gesticulam como marionetas e fazem estranhas caretas,
outros vão largando impropérios incompreensíveis (pois quem consegue
dizer algo que faça sentido com um sapo enfiado na boca?), outros ainda
ficam hirtos como estátuas de mármore e vão metendo a coisa para dentro
com ar de quem está aflito.
A arte de engolir sapos não está ao alcance de qualquer um. Para engolir um sapo e manter uma pose elegante é preciso estar-se bem seguro de si. É preciso saber que o sapo será digerido e, fazendo fé absoluta na Lei de Lavoisier, transformar-se-à numa outra coisa. A arte de engolir sapos implica ir pensando no futuro enquanto se digere o bicho.
E, mais tarde, o futuro chega e o sapo é já uma outra coisa.
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