Para lá do muro havia uma multidão. Deste lado, seis ou sete guardas armados bastavam para manter as coisas no lugar. O muro era intransponível, estava-se em segurança. A vida podia continuar como habitualmente. A multidão não chegava a ser vista, era ignorada. Velhos, novos, bebés ou crianças, homens ou mulheres, multidão ignorada. Deste lado do muro havia muitos pobres e alguns ricos mas a fome era disfarçada, nalguns casos era até encorajada (como, por exemplo, entre os eremitas e os modelos de passerelle). Para lá do muro, muro coroado com arame farpado, a fome tornara-se um modo de vida.
Rotina e desespero.
O que fazer com aquela multidão? Ignorá-la. Sim, mas ignorá-la não faz com que desapareça. Não? Temo bem que não. Se olhar por cima do muro verá que a multidão não só permanece no local como aumenta a olhos vistos. (silêncio) Mande chamar o responsável pelos guardas.
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