Os debates entre os candidatos às próximas eleições legislativas e os respectivos comentários foram um espelho do estado a que chegámos. Assistimos a uma sucessão de programas televisivos encarados como se se tratasse de mero entretenimento, espartilhados por espaços comerciais. Aquilo que os "bonecos" pudessem dizer foi sempre acessório e utilizado apenas para alimentar os inacreditáveis espaços de comentário que se lhes seguiam. Os "comentadores" avaliavam as prestações dos candidatos como se fossem mestres-escola vigiando o conhecimento, a postura e a atitude de alguns fedelhos.
Veio-me à memória a ideia pré-histórica de que se vendem candidatos como se fossem sabonetes. Nos dias que correm os candidatos ajudam é a vender sabonetes. Desde que nos transformámos em consumidores, deixando de ser cidadãos, que a publicidade se tornou uma espécie de Inteligência Artificial de mercearia. Acéfala e indiferente aos destinos da Comunidade e do Ser Humano, como é de esperar de uma IA, a publicidade transforma tudo em negócio e determina o foco e a duração dos tempos de atenção e concentração a que temos direito. O que importa eleger A, B ou C? Desde que o tempo continue a ser dinheiro estará tudo bem.
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