E os dias vão passando, serenos, quase agradáveis. Adivinha-se a canícula, o que poderá transformar esta pacatez quotidiana em ligeira angústia, desejo de frescura impossível de satisfazer. Mas nada de muito preocupante. Ainda há algum tempo, alguma folga para ir gozando esta suavidade existencial a fazer pensar em veludinho azul e bolas de algodão doce que não se colem aos dedos nem provoquem uma impressão repulsiva nos dentes.
Um dia seremos confrontados com a factura a pagar por vivermos tal desafogo. Mas, até lá, gozemos as benesses que o capitalismo imperialista ainda nos proporciona. Não vale a pena estarmos a pensar nas gerações anteriores que sofreram as passinhas do Algarve para que tenhamos os confortos de que hoje desfrutamos; nem será aconselhável pensarmos no sofrimento que as gerações futuras (pouquinhas segundo Harari) irão ter de suportar. Vivamos.
Um dia de cada vez, que a vida já não são três.
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