Cada dia que passa é menos um dia que vives, mais um dia que viveste. É assim, andas enrodilhado com o tempo, com o espaço, enfiado numa camisa de sete varas que te tolhe o pensamento. Tentas esbracejar mas nada, a coisa não se move, a coisa olha-te com aquele aspecto sobranceiro que têm as coisas como ela.
É inquietante.
Corres para aqui, deslizas para ali. Faz um calor de cozer camelos no deserto, sentes a transpiração nos pés, nas mãos, escorre-te calor costas abaixo, são pingos de suor. Não é suor resultante do esforço intelectual, nem sequer do esforço braçal que te faz acreditar nos benefícios do trabalho. Não. Nada disso. É transpiração produzida por aquela estranha sensação que te deixa petrificado.
É o terror.
Esforças-te por acordar. Queres regressar aos lençóis, deixar para trás aquele mar infinito sobre o qual caminhas (sabes que apenas Cristo poderia fazê-lo!) mas não consegues deixar de avançar. Para onde diriges os teus passos? Em direcção ao horizonte que, como sempre fazem todos os horizontes, teima em deslocar-se à tua frente. Nunca o alcançarás.
É o cansaço.
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