O tempo encurta-se, cada dia mais curto, cada dia mais fechado, é uma caixinha com forma de ampulheta. O tempo muda de forma, ora ganha ora perde um aspecto que anteontem não tinha ainda. É um tempo de narrativas curtas, vidas inteiras metidas num clip, num anúncio publicitário, numa canção da moda, três minutos top. O tempo encolhe, as histórias são historinhas e os heróis... o que é isso?
O passado continua moribundo, espeto-lhe um garfo, corto-lhe um bom pedaço. Chamo-lhe nomes mas ele, digno (afinal é o passado!), ele não responde à provocação. A caixinha cai no chão e despedaça-se. Tempo espalhado, varrido, tempo na pá do lixo, tempo a jazer no caixote. Mastigo o pedaço.
Acabaram-se as epopeias.
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