segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Pedagogia do cócó

Andamos todos tão enfronhados nesta coisa da pandemia do Covid que certas notícias de assinalável gravidade nos passam ao lado como bêémedablius a assapar na autoestrada. É ou não inquietante que, segundo estudo recente "cujos dados são relativos a 2020, 67% dos jovens consideram legítima a violência no namoro, dos quais 26% acham legítimo o controlo, 23% a perseguição, 19% a violência sexual, 15% a violência psicológica, 14% a violência através das redes sociais e 5% a violência física."? Caramba, quem é esta gente? São os miúdos que se sentam à minha frente na sala de aula?

Como é isto possível, com tantas campanhas de várias instituições estatais, com aulas de educação sexual, com a proibição de cantar o "atirei o pau ao gato" nos infantários, com vigilância constante sobre os conteúdos dos programas infantis nos canais televisivos, com psicólogos trabalhando em permanência  nas escolas, como é isto possível? Como é possível que tantas crianças que fazem cócó em vez de cagarem sejam tão permissivas à sordidez da violência no namoro?

Fico a pensar que algo tem corrido mal, que talvez estejamos a errar na forma como encaramos a infância. Fico a pensar nos resultados que um estudo deste género teria obtido se tivesse sido feito quando eu era miúdo. Na verdade, fico a pensar que, tal como o outro, "quanto mais conheço os homens (e as mulheres) mais gosto do meu cão". E eu não tenho cão.


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