Olhar os nossos mais velhos como se nos víssemos ao espelho é uma atitude que carrega uma certa dose de melancolia. Vê-los envelhecer perdendo faculdades físicas e mentais, rever-nos nessas personagens em constante mutação em direcção a um final inevitável, provoca uma angústia adocicada difícil de digerir por completo.
Sabemos que a vida é um ciclo. Mas não estamos preparados para aquilo que ela inevitavelmente nos oferece quando se aproxima do seu termo. No entanto, a nossa capacidade de adaptação permite-nos encarar a coisa com progressiva coragem e, não encontro outra palavra, resignação.
Seja como for, embora gostasse de ser capaz, continuo a não acreditar em Deus mas começo a perceber que a vida se prolonga para lá da morte. A nossa vida prolonga-se naqueles que nos amam e que irão recordar-nos herdando de nós algo que irão transportar consigo e legar aos que vierem depois deles. Nisto acredito porque sei, porque o sinto.
A vida não é eterna mas prolonga-se.
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