terça-feira, abril 30, 2019

O Grande Banquete

É preciso estar atento. Anda por aí tanto lobo a balir que já se confundem alcateias com rebanhos. Há lobos vestidos de ovelhas e ovelhas que aspiram à condição carnívora; vivemos tempos complexos.

Os lobos que se apresentam com a dentuça a brilhar sob os holofotes, sem necessidade de aparentarem uma certa santidade: lobos machos, lobos de barba rija, esses garantem à restante bicharada que não trazem o apetite descontrolado. Estão aí para reclamar aquilo que lhes pertence por direito. Tudo segundo as regras.

O problema reside, precisamente, naquilo que a lobalhada entende por direito. No imaginário daquela malta há um direito específico para os que comem e outro para os que são comidos. Sendo que o direito dos comidos é uma espécie de anedota que provoca gargalhadas entre os comedores. O seu plano, o seu desígnio, a sua missão divina, bem vistas as coisas, consiste em alterar as regras.

Para operarem essa alteração, os lobos precisam de chegar aos cadeirões do poder (de preferência sem comerem demasiados cordeiros), de mansinho, se possível for. Será então tempo para os que andam disfarçados deixarem cair as peles de ovelha que lhes apertam os tomates e, todos os lobos em conjunto, celebrarem o Grande Banquete.

Como diz a grande fábula de Orwell (mais coisa menos coisa): "os animais são todos iguais... mas uns são mais iguais que os outros".

1 comentário:

João Menéres disse...

Bom texto ( como é habitual ! ) para uma boa análise !

Um abraço.