segunda-feira, maio 13, 2019

Profecia óbvia

Li algures que estamos a viver tempos de uma militância sem esperança. Uma militância desesperada, portanto. Concordo.

A questão central prende-se com a constatação de que o crescimento económico, característico do sistema capitalista globalizado, consome tudo com uma voracidade inaudita e já teremos ultrapassado o ponto de não-retorno (começo a tornar-me repetitivo?). É simplesmente impossível imaginar que os nossos netos, para já não falar dos nossos filhos, possam viver numa sociedade semelhante a esta.

Aquilo que designamos por níveis de bem-estar são, em grande parte, resultado do consumo excessivo dos recursos planetários e, pior do que esse consumo, provocam níveis descontrolados de poluição. Poluição atmosférica, dos solos, das águas, poluição sonora, das mentes e, digo eu, da própria ideia de Humanidade.

Imaginámos que a Humanidade evoluiria em direcção a uma espécie de estado de semi-divindade. Não pensámos que poderia existir um ponto na curva evolutiva que marcasse o início da sua descida, o início do declínio. Talvez estejamos a viver próximos, muito próximos mesmo, desse ponto.

Com o declínio da Humanidade virão outros tipos de degradação em diferentes graus: social, civilizacional, "you name it". Os nossos descendentes passarão a viver em condições muito diferentes daquelas em que nasceram, eventualmente diferentes para pior... ou talvez não.

Como já disse em muitos posts neste 100 Cabeças: "a esperança é a última coisa a morrer", mas também morre.

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