terça-feira, janeiro 17, 2006

Tolera...



... se fores capaz.
Tolera o monga que está a fazer-te perder a paciência.
Tolera a chuva.
Tolera a comichão enquanto aquela tal pessoa fala contigo. Coçar as partes nesta ocasião não seria o gesto mais elegante.
Tolera a fome, tolera a gula, tolera os chapéus foleiros e os elefante fedorentos.
Tolera a jaula onde se escondem os grilos e a gritaria dos vizinhos.
Tolera o roxo e as mãos encarquilhadas pelo banho.
Tolera tudo o que fores capaz de tolerar já que, não tarda nada, vais rebentar como uma bomba e, o mais incómodo, é que a coisa vai saber-te bem!

O mais complicado de tudo é saberes que não poderás nunca perceber o mundo como o monga (o gajo está mesmo a fazer-te perder a puta da paciência!) porque não estás dentro dele. Os olhos dele verão o mesmo que os teus vêem? O roxo que te irrita será assim tão roxo para ele? E a gritaria? Talvez a ouça com tonalidades musicais ou nem sequer se aperceba já que está entretido a foder-te o juízo.

Tolera o que fores capaz de tolerar mas não te deixes enganar.
Talvez seja a única coisa que não valha a pena... tolerar.

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