Cada vez mais penso na morte. Não penso naquilo que me espera para lá do meu corpo. Não, não penso nisso. Penso na morte enquanto ponto final. Fim da linha. Penso em coisas que nunca fiz e talvez gostasse de fazer, penso na decrepitude do corpo e evito imaginar a perda de faculdades mentais. Estes pensamentos não me deixam triste ou deprimido, pelo menos por agora.
A morte enquanto ponto final de um livro que sou eu. Um livro que, depois de escrito, será guardado numa gaveta qualquer ou metido entre milhares de outros numa prateleira imensa de uma estante infinita. Um livro para esquecer passado algum tempo, quando aqueles que me amaram perecerem também.
Estes pensamentos podem ganhar consistência e fazer algum sentido até que uma merda qualquer, uma mensagem sêca e mesquinha, até que alguma coisa vem esvaziá-los da poesia que quase chegaram a ter. O mundo real é demasiadas vezes uma decepção absoluta.
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