Um gajo tende a florear o passado quando trata de ensiná-lo às criancinhas. A ideia é não traumatizar demasiado a petizada, manter as coisas dentro de fronteiras fofinhas e, se possível, traçadas a tinta cor-de-rosa.
Um gajo esquece-se que é adulto e que as imagens que cria e transmite a um puto não lhe caem no entendimento com contornos idênticos aos que está a esboçar na sua cabeça emissora. Então temos soldados anjinhos a disparar cravos vermelhos com as suas metralhadoras deixando a pairar um fumozinho que é, na verdade, uma réstea de amor.
É uma história um bocado imbecil onde, normalmente, os maus não são sequer nomeados, como se a luta da Liga da Justiça fosse feita contra o vazio. Ainda aparece por ali uma pomba branca que não se percebe muito bem qual é o seu papel. Talvez esteja com fominha e haja migalhas para ela debicar.
Um gajo conta e reconta histórias deste calibre aos putos, ano após ano. Os putos vão crescendo mas a história mantém os traços infantilóides absolutamente inalterados e os soldados já não são anjinhos, são uma espécie de personagens da Marvel Comics que vomitam cravos vermelhos sempre que uma pomba surge entre os prédios a esvoaçar de forma ameaçadora sobre uma massa informe e sanguinolenta a que se dá o nome de povo.
Os putos crescem e um dia irão votar.
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