O sol atrai as pessoas para o exterior das suas casas. O calorzinho de uma Primavera anunciada (a Primavera está quase quase aí) aconchega e faz o corpo relaxar. Assinamos um armistício com o Planeta apesar da pandemia. Juramos amor à Terra, prometemos que tudo faremos para a proteger... de nós próprios!?
Espera lá, ecologista leitor, quando juramos tudo fazer para tornar o Planeta sustentável estamos a ser suficientemente sinceros? Haverá nesta postura um pingo que seja de altruísmo? Quer-me parecer que é uma atitude algo interesseira. O Planeta interessa-nos enquanto espaço habitável para a espécie humana. Sim, é disso que se trata, fazer obras de manutenção na nossa casa por forma a garantirmos condições de habitabilidade por um período de tempo mais alargado.
Na verdade, se metermos a mão na consciência, a Terra estaria bem melhor se a espécie humana fosse menos preponderante, mais incapaz de interferir em tão larga escala com a saúde planetária. Se fosse o Planeta a nossa principal preocupação deveríamos de encarar a possibilidade de um honroso hara-kiri à Humanidade deixando a Natureza na paz do Senhor. Ou então, num extraordinário gesto de auto-reflexão, sermos capazes de prescindir de grande parte das nossas "conquistas civilizacionais", revertendo o modo de pensarmos a vida para níveis pré-industriais. Fauna e flora haveriam de agradecer.
Como tudo isto nem utópico é, já sabemos, vamos continuar a alargar o sexto continente, o do plástico, a envenenar a atmosfera, a produzir gado numa escala incomportável, etc.e tal. Seja como for, o calorzinho está aí e a primavera irá proporcionar-nos a trégua habitual, iludindo por momentos os fantasmas que nos atormentam.
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