Havias de contar-me o teu segredo para que eu não soubesse o que fazer-lhe. Havias de me olhar com o espanto de quem vê o contemplado não ser capaz de abrir o presente que lhe oferecem. Havias de esquecer-me por não estar à altura de sonhar nem dos teus sonhos.
Nunca fui capaz de compreender o significado de ambição e isso inunda-me com uma timidez imensa capaz de afogar quimeras e ideias enquanto não souberem nadar.
Não sou capaz de subir esses degraus.
Continuo no trabalho insano de semear coisas incompreensíveis no manto diáfano da poesia. E não compreendo a poesia, por isso lhe escavo as sombras e lhe deito dentro sementes que não conheço. Fico à espera de ver o que ali nasce, o que ali haverá de crescer.
O que for será; por estranho que surja, por imenso que possa parecer, por mínimo que se revele, o que resultar desta minha desambição irá permanecer.
Não quero descer esta escadaria. Fico aqui mesmo, neste lugar imóvel onde sou.
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