Andamos todos mascarados. Imagino que para uma criança com imaginação unicórnica isto seja um manancial infinito de situações maravilhosas. Para mim, que já vou sentindo alguns músculos a chiar, isto da mascarada contribui fortemente para me deixar acabrunhado.
Ainda por cima, cá em casa, temos umas máscaras de plástico transparente que nos deixam o sorriso à mostra. Quando vou a um local onde todos somos obrigados a usar a máscara, continuo a sorrir com a cara toda mas os que me respondem sorriem-me apenas com os olhos. Ou então nem sequer respondem ao meu sorriso de igual modo, nem sempre dá para perceber.
Se a imposição da máscara se mantiver por muito mais tempo decerto se vulgarizarão modelos mais arrojados que a vulgar máscara cirúrgica. As grandes marcas irão colocar no mercado máscaras distintivas, símbolos de poder económico, não obrigatoriamente de bom gosto. As marcas desportivas desenvolverão máscaras que melhorem a filtragem do ar, empreendedores imaginativos lançarão modelos extravagantes.
Nos tempos que correm faltam sorrisos, vão sobrando olhares. Os sorrisos fazem-me falta.
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