terça-feira, setembro 24, 2019

Melancolia (esboço)

Por vezes não sei se sinto raiva se compaixão. É uma pressão que se me instala entre o peito e o estômago e ali fica, a pressionar-me os sentimentos ou lá o que é. Após uns momentos de pressão a coisa começa a transformar-se em angústia. Inspiro, sustenho a respiração, tento expelir aquela sensação através dos poros, pelas narinas, pelos ouvidos, nem sei que faço!

Quando nos sentimos encurralados reagimos por instinto, as nossas acções fazem um certo sentido que, naquele momento, nos escapa. Debatemo-nos.

Se porventura consigo expulsar de dentro de mim aquele feto de demónio (surgiu-me agora mesmo essa imagem, aquela pressão ser provocada por um ser maligno que começa a crescer cá dentro, tipo o Alien do filme de Ridley Scott), se consigo expulsá-lo (até hoje sempre consegui) fico melancólico.

A melancolia provém do facto de perceber que os demónios existem e vivem dentro de nós. Embora vá conseguindo vencê-los percebo facilmente que muitos de nós sucumbem à angústia e aceitam que a bestiola se instale, alimentam-na e deixam-na crescer. Nestes casos é frequente que o demónio acabe por substituir a pessoa e lhe substitua a alma por um espírito maligno.

Quando o demónio é muito poderoso e ambicioso transforma-se numa pessoa poderosa e ambiciosa, um gestor de empresas, um explorador de seres humanos. Quando ascendem a lugares de chefia tornam-se capazes de semear a angústia nos corações de centenas, de milhares, de milhões de pessoas, proporcionando um ambiente favorável ao surgimento de centenas, de milhares, de milhões de demónios.

Ao contrário do que muita gente acredita os demónios nem sempre são agressivos como os pintam. Cada demónio tem a sua personalidade própria. Quando o demónio é fracote e cobardolas transforma a pessoa numa verdadeira filha da puta. Este é o demónio mais comum.

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