... transformava todas as sanitas do mundo em objectos de ouro, tal qual a sanita engendrada pelo Maurizio Catellan que foi roubada aqui há uns dias de um palácio inglês onde havia sido montada para exposição. Midas não podia tocar em nada que não endurecesse e ficasse brilhante e consistente como é apanágio do ouro. Não consta que o toque de Midas fosse exclusivo da ponta dos seus dedos, daí que quase tivesse morrido à fome (nem quero pensar no que seria cagar ou mijar para este imbecil absoluto).
Mas isso é outra história, a sanita de Catellan, cuja instalação toma o nome de América, possui o fascínio que sempre acompanha todo o objecto que luz e é de oiro fino. Objectos brilhantes atraem os corvos, objectos de ouro atraem gente a dar para o abutre ou para a hiena, pobres animais incompreendidos porque necrófagos. Estes objectos correm o risco de serem roubados.
América tem algumas vantagens em relação a A Fonte, de Duchamp, desde logo porque uma sanita é, em potência, mais polivalente do que um urinol. Outra razão de peso é a da matéria prima: de um lado ouro, do outro loiça industrial. O valor material dos objectos é nitidamente desequilibrado. Já quanto a um suposto valor artístico a coisa pia mais fino.
Chegamos aqui ao pormenor curioso, diria mesmo, pitoresco: então não é que um pedaço de loiça pode ser mais valioso que um pedaço de oiro bem mais volumoso e pesado? Depende da perspectiva que orienta a avaliação. Imagino que a Teoria da Relatividade ande mais ou menos por estes caminhos mas é quando me meto nestas andanças que percebo aquela pintura do Brueghel, do cego a guiar outros cegos.
Mas isso é outra história, a sanita de Catellan, cuja instalação toma o nome de América, possui o fascínio que sempre acompanha todo o objecto que luz e é de oiro fino. Objectos brilhantes atraem os corvos, objectos de ouro atraem gente a dar para o abutre ou para a hiena, pobres animais incompreendidos porque necrófagos. Estes objectos correm o risco de serem roubados.
América tem algumas vantagens em relação a A Fonte, de Duchamp, desde logo porque uma sanita é, em potência, mais polivalente do que um urinol. Outra razão de peso é a da matéria prima: de um lado ouro, do outro loiça industrial. O valor material dos objectos é nitidamente desequilibrado. Já quanto a um suposto valor artístico a coisa pia mais fino.
Chegamos aqui ao pormenor curioso, diria mesmo, pitoresco: então não é que um pedaço de loiça pode ser mais valioso que um pedaço de oiro bem mais volumoso e pesado? Depende da perspectiva que orienta a avaliação. Imagino que a Teoria da Relatividade ande mais ou menos por estes caminhos mas é quando me meto nestas andanças que percebo aquela pintura do Brueghel, do cego a guiar outros cegos.
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