quinta-feira, setembro 05, 2019

Especial

Não sei como é contigo, amigo leitor, a mim, as lojas personalizadas provocam-me engulhos. Detesto ir comprar café  e ter uma senhora extraodinariamente simpática a oferecer-me uma chaveninha de um novo produto, uma coisa excelente. Não gosto de estar a mirar uma coisa qualquer e ter de suportar a aproximação solícita de quem ali trabalha a perguntar-me se preciso de alguma coisa, que esteja à vontade, que faça de contas que estou em minha casa. Que coisa mais parva!

Se fosse o dono da mercearia, ainda vá que não vá, o gajo quer que eu lá volte, faz uma atençãozinha, tenta cativar-me com o jeito característico do merceeiro. Ok, lícito e límpido como água da chuva. Já uma miúda daquelas que trabalham nas lojas do centro comercial... soa a falso, tal como o merceeiro, mas sem aquela limpidez. É um "sentimento" de plástico. Desagrada-me. Tento não ser rude mas é difícil.

Parece-me ser uma estratégia mais ou menos comum, fazer com que o cliente se sinta especial. Mas é tão artificial! Talvez seja isso, talvez que ser-se especial seja uma absoluta artificialidade. Não dizem certos credos religiosos e certos credos políticos que somos todos iguais, seja perante Deus ou perante a Lei?

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