Debateu-se
recentemente a possibilidade alargar a fronteira do direito de voto para os
cidadãos com 16 anos de idade. Uma larga maioria de deputados da Assembleia da
República rejeitou a proposta e mantém-se tudo como dantes, quartel-general em
Abrantes.
Decerto que a maturidade dos eleitores foi argumento tido em conta
nesta questão mas, pensando um bocadinho, percebemos que a maturidade não é
automática. O chip da maturidade não
é activado no preciso momento em que completamos a 18ª Primavera.
Muitos dos que
têm direito a voto cultivam o hábito da abstenção, ainda mais quando se trata
de eleições europeias.
Os argumentos que alguns eleitores maduros apresentam
para justificar a sua abstenção são dos mais variados: que a Europa é lá longe,
que os políticos são todos iguais, que não fazem nada, que só estão
interessados em auferir os ordenados escandalosos (pornográficos), que nós,
eleitores, somos uma espécie de idiotas que servem apenas para caucionar a
existência dessa corja de mamões inúteis que vão aquecer os cadeirões do
parlamento em Bruxelas.
Sinceramente, discordo da maior parte destes argumentos
e, quando me deparo com discursos deste calibre, atrevo-me a imaginar que o
direito a voto poderia ser oferecido todos os cidadãos que soubessem ler e
escrever, independentemente da idade, e a partir dos 18 anos, para todos mesmo,
incluindo os analfabetos.
Eu vou votar
nas eleições europeias do próximo Domingo porque ainda acredito no Valor da
Democracia.
Carta enviada ao director do Público
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