sábado, junho 11, 2011

O peso da leveza



Rezam as crónicas que ontem, nas celebrações do Dia de Portugal em Castelo Branco, os nossos dois primeiro-ministros deixavam transparecer disitntos estados de espírito. Grave e um tanto abstracto, Passos Coelho, o primeiro-ministro que se segue, leve e quase descontraído, Sócrates, o que vai embora.

Sempre me intrigou o apetite de certos gabirus por cargos dirigentes. O que leva homens e mulheres aparentemente normais a procurar, com todas as suas forças, chegar aos mais altos cargos da nação?

Até aqui há uns anos atrás acreditava que seria por motivos ideológicos. Os candidatos a chefe teriam razões políticas, sonhos utópicos haveriam de os mover em direcção à fogueira do poder. Mas, nos últimos tempos, as ideologias foram desaparecendo, a economia engoliu-as. As utopias foram substituídas por folhas de cálculo, o pensamento político esmagado pela inevitabilidade contabilística... o que poderá então mover os sapatinhos desta gente?

Olhando Sócrates e Passos Coelho compreendo que as suas principais qualidades, eles nisto equivalem-se, é ficarem bem nas fotografias. São dois gajos que proporcionam bons bonecos para as páginas dos jornais e animam as novelas dos noticiários. As velhotas suspiram por uma beijoca durante as campanhas eleitorais e nas cerimónias oficiais. Note-se que o próximo primeiro-ministro é muito mais beijoqueiro que Sócrates, um tanto distante, por vezes próximo do esfíngico. Em termos de qualidades de estadista já é outra conversa.

Pelo que acima fica exposto e por muito mais que aqui não cabe, convenço-me que a motivação principal destes dois impagáveis parlapatões será uma vaidade sem limites que faria a Rainha Má da Branca de Neve parecer uma rapariga simples quando comparada com eles.

Ontem percebeu-se que quem sai vai aliviado e quem entra começa a sentir a canga da função a pesar-lhe no cachaço. Sõcrates, o Odioso, dentro de dias parecerá um simpático intelectual ignorante e Passos Coelho, o Bonitinho, definhará em rugas impensáveis e discursos cada vez mais crispados. É o preço do poder.

3 comentários:

Beto Canales disse...

O poder cobra, e caro.

Silvares disse...

É, os poderosos estragam-se muito depressa.

Jorge Pinheiro disse...

E será que ainda vamos ter saudades dele?