domingo, maio 22, 2011

Democracia e pós-democracia

 Manifestação em Madrid e manifestação em Lisboa, a Ibéria está a arder?



Depois da Avenida da Liberdade, as Portas do Sol. Os cidadãos manifestam-se abertamente contra o rumo que a sociedade ibérica vai tomando, esta coisa que teimamos em designar preguiçosamente por “democracia”. Os que se manifestam são, na sua esmagadora maioria, jovens que nasceram em sociedades onde a liberdade de expressão é, sem sombra de dúvidas, o maior de todos os bens. Para eles, para todos nós, a possibilidade de expressar abertamente a opinião é tudo o que resta já que o voto, essa utópica “arma do povo”, nos é constantemente usurpado pelos políticos que elegemos ciclicamente em eleições que mais se parecem com grotescas caricaturas daquilo em que acreditamos. O regime transformou os cidadãos em consumidores, prometendo o acesso global a bens de consumo que nos são impostos através de campanhas publicitárias totalitárias, em tudo semelhantes às campanhas eleitorais. Há quem se gabe de “vender” presidentes e primeiros-ministros como se vendesse sabonetes ou qualquer outro produto comercial. Vivemos tempos em que parecer é muito mais valioso do que ser.


Fala-se por aí em “pós-democracia”, um regime em que somos governados por grupos económicos que não se sujeitam ao escrutínio popular e se representam exclusivamente a si próprios e fazem prevalecer os seus interesses particulares em detrimento dos interesses colectivos. Observando o que se passa actualmente nos países da Zona Euro estupidamente caídos em desgraça, com as imposições draconianas ditadas por poderes económicos que praticam a usura como se ela fosse um direito divino, o conceito de “pós-democracia” não só faz todo o sentido como se mostra um retrato perfeito da realidade que vivemos. 

A “democracia” tal como nos ensinam nos bancos da escola, já se diluiu nesta coisa pastosa das agências de rating e dos bancos privados e do capitalismo selvagem. Diluiu-se, desapareceu, acabou, transformou-se noutra coisa. Transformou-se num lobo esfomeado vestido com a pele imaculada de um cordeiro oferecido em sacrifício aos deuses da economia, essas divindades canibais e insaciáveis que quanto mais carne humana comem com mais fome ficam.

Vivemos tempos de mudança, tempos de redefinição. E é nas ruas que o sinal está ser dado. São os mais jovens a despoletar o processo porque sentem na pele a injustiça pós-democrática que os coloca na prateleira, a amadurecer, enquanto os mais velhos vão sendo devorados.
Este estado de coisas está a chegar a um ponto extremo de saturação. Ou deixamos a coisa estoirar por si, o que será uma desgraça absoluta, ou tentamos provocar e controlar o seu estoiro e talvez tenhamos alguma esperança numa desgraça relativa. Não podemos continuar a olhar para os senhores “pós-democráticos” como se eles estivessem preocupados com o nosso modo de vida. 

Alguma coisa tem de mudar para que tudo mude, de facto. É urgente refundar o conceito de Democracia. E, por muito que isso custe às luminárias do regime, essa refundação vai ter de ser feita nas ruas.

15 comentários:

Anónimo disse...

Rui,

quem sou eu para palpitar sobre política, regime e sociedade Ibérica, mas no meu modesto ver, estão confundindo as coisas: nada tem a ver democracia, como regime político, e mas administrações econômicas. Os países entram em falência ou colapso econômico por má gestão, e não por ser ou deixar de ser democrático. Se os gestores agiram mau e lenientes com seus eleitores, e coniventes com bandalheiras, a DEMOCRACIA não tem culpa! Troquem os homens, as políticas econômicas, mas nunca a DEMOCRACIA! Embutida nessa tese de esquerda esta uma nítida campanha ante norte-americana, completamente sem sentido, hipócrita e mesquinha! Assumam suas culpas, mas não transfiram a responsabilidade para terceiros. Este meu comentário não tem nada de pessoal, antes que seja mal entendido.

Silvares disse...

Eduardo, esteja sempre à vontade para opinar, afinal a Ibéria não fica assim tão distante do Brasil.
Por aqui estamos com um forte sentimento de injustiça e começamos a pensar que a Democracia tem sido muito maltratada pelos homens de negócios. Repare que os prejuízos dos bancos e dos grandes capitalistas são pagos pelo povo mas o seus lucros ficam-lhes sempre nos bolsos. Os prejuízos são nacionalizados e os lucros mantêm-se privados. Isto nada tem de anti-americano. A célebre crise do "subprime" que está na génese da nossa "crise da dívida" é um problema de especulação económica gerada pela ideia ingénua de que os "mercados" se equilibram por si e não deve haver intromissão do poder político no campo do poder económico. O capitalismo é uma coisa selvagem e alimenta-se das sociedade civil e do trabalho dos mais desfavorecidos. Sei que isto é um discurso esquerdista (eu sou u esquerdista convicto) e acredito que a razão está do nosso lado. As culpas não são do povo trabalhador mas sim de quem o explora. Não se pode dizer que uma pessoa que vive do salário mínimo vive acima das suas possibilidades e, por isso, a economia está desregulada!
Este assunto é polémico e apaixonante. Por aqui sentimos que algo terá de mudar e, espero, estamos a trabalhar para descobrir o sentod dessa mudança.
Termino este comentário da mesma forma como o iniciei: esteja à vontade para opinar, da discussão nasce a luz, não é da aceitação acrítica nem da fatalidade com que nos querem fazer acreditar que as coisas são assim e não há outros caminhos.
Um abraço forte.

Anónimo disse...

Rui,

obrigado pela resposta respeitosa, como sempre, e pelo espaço para um debate de ideias, sobre tudo. Eu não sou de esquerda, e partindo deste ponto, acho desnecessário dizer que me incomoda muito ouvir no século 21 esses chavões esquerdistas: "povo trabalhador explorado pelos capitalistas"! Capitalismo e Democracia não são a mesma coisa, e nem são excludentes! Não existe mais COMUNISMO no mundo, porque fracassou. As pessoas desses regimes quiseram se tornar capitalistas por vontade própria. A Democracia permite essas mudanças. Sem capitalismo, o ESTADO é o patrão, e já ficou sobejamente provado que é péssimo patrão. O socialismo nivela por baixo, sem eliminar as "novas classes" e donos do poder, vale dizer: do dinheiro, da justiça, do ESTADO. Os Bancos existem porque nós precisamos deles! Se fossem tão maus como os da esquerda os pintam, já teriamos acabado com bancos e banqueiros! Os PATRÕES existem para gerar os tão solicitados, decantados e procurados EMPREGOS. Se emprego e salário não fossem desejo do povo, não existiriam empresários, patrões e empregados! Como vê, nada disso tem nada com DEMOCRACIA, muito pelo contrário, o único, e repito o único regime que permite mudanças, que permite discussão, passeatas, greves, é o regime DEMOCRÁTICO. E quando as maiorias querem, mudam tudo pelo voto. ÁS vezes equivocadamente, mas tem o poder de mudar. E mudam de novo quando depois de um tempo se dão conta do engano. Isso é Democracia, o único regime que permite ao povo ter LIBERDADE, o bem maior e supremo do homem. Liberdade para convivermos inclusive com opiniões contrárias e nocivas! Essa é a Democracia de que falam mal. Quanto às crises desencadeadas por especulação imobiliária americana,podem e devem servir para aprimorar os mecanismos regulatórios, leis e regras democráticas, nunca para acabar com ela! Sei que quem esta na boca do furação não pode ter esta minha visão distante e descomprometida, mas tenha a certeza de que após esse período doloroso e sofrido de crise financeira, tanto os países, como seus povos sairão fortalecidos, e mais blindados e imunes a outras aventuras econômicas! Mas para se chegar a um final feliz, é preciso estar unido e consciente que só a Democracia resolve. Pode ter defeitos, mas não inventaram nada melhor!Fico por aqui, apesar do assunto ainda ter muitos argumentos e considerações a serem feitas, mas me alonguei porque o tema é apaixonante, mas voltaremos a ele, em outra oportunidade!Se encontrar outro caminho me avise!Um grande e forte abraço!

PS- O que quer dizer: bragonsi ????? srsrsr

Rui Sousa disse...

Rui, de certeza que quem se manifesta nas ruas é mesmo quem vive pior nesta nossa sociedade? Vale a pena colocar esta questão. Eu já nem sei se sou de direita ou de esquerda, encontro razões para votar em qq partido e razões para tb não votar em nenhum deles ( estou a falar a sério ), já não me consigo balizar em nenhuma área, mas infelizmente os partidos estão como o povo, entraram numa espiral de guerra civil ( por enquanto o ódio ainda só vai nos discursos )e cada um julga-se senhor da verdade. Mas estamos mais perto da anarquia do se calhar pensamos. O mundo precisa de mudar e quando não se muda a bem muda-se da pior maneira, mas para mim mudar a bem não é fazer aquilo que o povo reclama nas ruas, porque é impossivel continuarmos a ter na nossa sociedade a estabilidade e o estado social do socialismo e os salários altos que o sonho do capialismo possibilita, e é isto que o povo quer, sol na eira e chuva no nabal.É impossivel, não dá. Eu recuso-me a alinhar neste facilitismo do povo. Os tempos são de deveres não de direitos. Façam manifestações para acabarem com ordenados e prémios fabulosos de gestores publicos , para acabarem com a agiotagem imoral dos bancos, para acabarem com as agências de rating mafiosas e eu estarei na fila da frente das manifestações, mas não é isso que o povo quer, o que a história nos diz é que o povo não se importa com a imoralidade bafienta de quem nos governa desde que tb ganhem umas migalhas. Se os manifestantes das postas do sol que há por esse mundo querem justiça já tiveram muitas oportunidades no passado para a exigir quando o terceiro mundo asfixiava na miséria, mas nessa altura onde andavam esses manisfestantes? Talvez a comprar produtos de marca para exibirem as suas vaidades à custa do trabalho infantil e da exploração dos miseravéis de África e da Asia. Agora tocou-nos a nós, a aristocrática Europa, e o que é que nós fazemos? Arregaçamos as mangas, puxamos dos galões e damos uma lição de ética e justiça ao mundo? Não, queremos continuar a viajar na maionese. Num país cheio de desempregados com muitas pessoas com ordenados minimos e completamente individado, como é que é possivel que os trabalhadores da CP, da Tap, do Metro, da Carris (tudo empresas do estado e falidas ) façam greves para terem mais aumentos ( quando se sabe que não há dinheiro ) em vez de só exigirem que os gestores reduzam as regalias? Sinceramente não percebo.

Anónimo disse...

Agora, comento as palavras de Rui Souza,

como podem perceber os socialistas perderam fragorosamente na Espanha. O PP, de centro direita venceu, mas o Rui tem razão quando tem dúvidas em quem votar, pois na espanha o jovem na sua maioria descontente votou em branco! Isso diz que não estão satisfeitos minimamente com o que receberam de herança política e apresentado nas últimas eleições! O mesmo pode se repetir com Portugal, pelo que percebo das colocações do Rui Souza. O mundo que andava na contra mão da história, países pobres e de pequena importância política destronam seus DITADORES de dezena de anos! Se libertam. Querem a DEMOCRACIA, e a LIBERDADE. Os Ibéricos que há muito tempo de desfizeram de seus ditadores, agora questionam a Democracia! Esta colocado o impasse do século. Qual será a saída????

rui sousa disse...

Olá Eduardo,
eu por enquanto ainda tento resistir à ideia de votar em branco. Eu já sei que vou ter que votar num mal menor, mas sinto que estas eleições são uma verdadeira roleta russa com grandes probabilidades de a coisa estoirar a sério. E isto não é um problema português, o mundo está a descambar a uma velocidade impressionante e ninguém ( nem o povo nem os que governam )querem assumir a realidade dos factos e o caminho continua a ser a fuga para a frente. O mundo ocidental viveu os ultimos 30 anos numa espécie de capitalismo de casino ( será que há outro tipo de capitalismo ? ), em que a economia cresceu numa lógica de pura especulação, agiotagem e tráficos variados ( economia paralela ), estávamos todos a viajar, felizes e contentes, na grande orgia colectiva, sem querer assumir que quem estava a sustentar esta economia era dinheiro envenenado e a miséria do terceiro mundo. Agora temos a economia do mundo contaminada, a bolha estoirou. Temos todos que mudar de vida, mas o normal nestas ocasiões é que as pessoas todas pensem que " todos " significa " os outros ". Façam qq coisa para bem do mundo desde que não toquem na minha "way of life", ou como se dizia aqui há uns anos atrás " os ricos que paguem a crise", sem que ninguém se atreva a explicar a partir de que quantia se pode considerar uma pessoa rica. Que é como quem diz: os ricos serão sempre aqueles que ganham mais do que eu. Assim estamos tramados.

the dear Zé disse...

ámen Silvares, ámen

há, para quem quiser ver, não diria um vento mas uma pequena brisa de mudança. uma vontade de refrescar esta parte do mundo. e para melhor. espero. e´ o que se passa nos países árabes, a vontade de democracia, o fim das ditaduras (hoje mesmo ouvi na televisão o caso de uma corajosa mulher saudita que foi presa por conduzir um carro, e´ só o que ela quer, o direito pleno `a cidadania).
e cá pela velha europa, mudar as regras de um jogo viciado. democracia viciada não e´ democracia. e o problema nunca e´ a democracia mas a falta dela. este simulacro de democracia e´ um mero teatro de sombras onde temos a ilusão que decidimos alguma coisa e que ate´ elegemos os nosso governante quando quem nos governa não se mostra e os políticos eleitos são meros cães de fila do verdadeiro poder, as corporações, os mercados, o capital, como lhe quiserem chamar. sim, existe, não e´ um vestígio arqueológico, uma mera terminologia sobrevivente do século passado. e´ um animal omnipresente e omnívoro. um abismo negro que nos suga sofregamente. e nos deixamos, acreditamos que temos vivido acima das nossas posses, inconscientes na nossa orgia romana, a gastar alarvemente os nossos fantásticos salários mínimos e médios e reformas e pensões de sobrevivência. de algum modo vamos sobreviver a isto. alguns pelo menos.
mas la´ que esta merda tem de mudar e´ de uma evidencia gritante.

ate´logo

Beto Canales disse...

Política. O problema é que nascemos políticos.

Silvares disse...

Eduardo, Rui, Zé, o debate está bom. É a possibilidade que temos de trocar ideias e opiniões de forma aberta e sem constrangimentos que me faz acreditar que a mudança é possível. Enquanto não nos vigiarem no mundo virtual (não vigiam, pois não?) nem nos voltarem a atiçar a polícia de choque nas ruas a esperança vai-se mantendo. Fraquinha, doentinha, mas ainda viva. O Estado Social europeu é, a meu ver, a Democracia no seu estado mais correcto e é a ilusão que ainda pretendemos manter. É por ele que vale a pena reclamar mais transparência nas políticas globais e maior justiça na distribuição da riqueza.

Beto, nascemos e... havemos de morrer políticos.

rui sousa disse...

Rui, é exactamente por ser um espaço de troca de opiniões que me habituei a passar por aqui com alguma regularidade :), ( parabéns ao autor ). Mas até nisso o papel dos blogues começa a perder força. Aquilo que inicialmente parecia ser um bom veículo de comunicação está-se a esfumar nas profundezas do ciberespaço, a perder utilizadores para a concorrência directa que é o facebook, onde os posts são tendencialmente mais "light" e mais fastfood, na forma como são consumidos e tratados. Isto para dizer que hoje as censuras já não provêm das mesmas fontes do passado, hoje a própria aceleração das nossas vidas encarrega-se de dar um prazo de validade e uma importância muito pequenas às coisas verdadeiramente importantes da vida. Isto é, já não precisamos de censuras, nós somos a nossa própria censura. Muitas vezes penso que muitas destas manifestações de rua são um escape e um exorcismo para o vazio que são as próprias pessoas. Pessoas que deixaram de correr riscos, de procurar e seguir aquilo que as faz sentir bem, ou seja, pessoas que deixaram de viver com medo do mundo. Trocaram a verdadeira vida por um modo de vida, um modo de vida sem risco, sem dor e por fim sem sabor. Sem querer esconder os casos de verdadeiro desespero que existem nas nossas sociedades acabo como comecei no meu primeiro comentário: de certeza que quem se manifesta nas ruas é mesmo quem vive pior nesta nossa sociedade? Vale a pena fazer esta pergunta.

Anónimo disse...

Rui Sousa,

gostei muito dessa sua ultima intervenção. Como ferrenho defensor dos blogs, concordo integralmente com você quanto a CENSURA auto promovida com a debandada para o Facebook.

Silvares disse...

Rui, as questões que colocas são pertinentes. O Facebook é o universo do "like" e do "don't like" pouco mais do que isso. Ou seja, é quase nada. Mas a verdade é que é para lá que vão caindo muitos dos que por aqui andavam. Eu próprio tenho uma página no Facebook mas utilizo muito mais o 100 Cabeças. Tenho a sensação que muita da nossa "angústia" se prende com o facto de a NET ser doença e ser cura, veneno do nosso moso vida e, simultaneamente, antídoto para todos os males. A NET isola e une, finta a censura ao mesmo tempo que a recria, permitindo-lhe outras formas. Pessoalmente, dou por mim a passar cada vez menos tempo "ligado" e cada vez mais me vou entregando a outras actividades que vinha deixando para trás, principalmente a leitura. Verdade, verdadinha, parece-me que ainda não somos capazes de compreender todas as implicações deste nosso recente modo de interagir. Quanto aos manifestantes nas ruas, talvez seja dificil perceber bem uem são ou o que pretendem, mas que a mudança é o motor da nossa sociedade, disso não tenho dúvidas.

Eduardo, parece que os Blogues são coisa para gente mais... idosa? Hahahah, ler, escrever, pensar, debater argumentos, meu amigo, são coisas fora de moda. Ou será que os tais manifestantes estão a recuperar essas formas de comunicação? Será? Enquanto não descobrimos as respostas continuemos a blogar com convicção.
:-D

Anónimo disse...

como o meu mundo é feito de otimismo, sempre, prefiro acreditar que mude de fato. E gostei: refundação, é bem por aí, o caminho é sair pras ruas, se manifestar com faixas e panelas, o que for à ficar " com velhas opiniões formada sobre tudo", rs.
madoka

rui sousa disse...

Rui, sem dúvida que a net ( blogs e “facecusco” ... eu tb tenho facecusco :)) são grandes factores de mudança nas nossas vidas, com coisas boas e más, mas até nisto vemos a forma como nos deixamos ou não subjugar às novas realidades. É muito fácil tornarmo-nos escravos destas ferramentas, mas não nos podemos queixar porque apesar de tudo depende de nós continuarmos livres e usá-las só na medida do nossa grandeza e não só na medida da nossa futilidade. Mas isso dá trabalho e requer exigência da nossa parte, e é sempre muito mais fácil cairmos no “facilitismo” do mundo fastfood. O mundo está armadilhado para quem anda distraído, mas concordo completamente contigo quando te referes por exemplo à leitura. A leitura é uma fonte de informação ( formação ou diversão tb ) como muitas outras que temos disponíveis, mas numa coisa continua a ser insubstituível, é que é talvez a única que nos remete para o nosso próprio tempo, para o nosso próprio ritmo e isso é talvez, hoje em dia, a nossa maior preciosidade e aquilo que nos devolve a nossa sanidade mental. Com o livro conseguimos fugir da velocidade estonteante e doentia do mundo real, criar o nosso próprio universo e graças a isso conseguimos ter a distância e a lucidez para perceber aquilo que é verdadeiramente importante para nós … e deveria ser para o mundo.

Silvares disse...

Madoka, mantenha o optimismo. Eu sou, por natureza, uma coisa próxima do pessimista embora prefira pensar que sou realista ou cauteloso.
:-)
Tenho um pouco de inveja dos optimistas.

Rui, ainda assim podemos decidir sobre a nossa escravatura! Na minha vida quotidiana vejo constantemente pessoas que preferem ser comandadas por outras se isso for mais fácil do que tomar opções pessoais. Digo sempre aos meus alunos que é muito mais complicado ser livre do que obedecer a ordens expressas.