Cada vez mais se ouve falar em guerra nuclear. Aquela falta de ar que nos apoquentava nos anos 70, quando a palavra de ordem que ladrávamos era "no future", reaparece, vinda detrás de uma esquina da memória. Afinal esteve sempre ali, distraída, à espera, sempre ali esteve. A diferença é que já não sou um adolescente, sou um homem na casa dos sessenta. Tanto quanto sou capaz de perceber sinto as coisas de uma outra maneira.
Há dias em que penso no tempo de vida que me resta. Calculo: 10, 20 anos? Talvez mais, talvez menos. Já me tinha esquecido da sensação de poder contar o futuro em meses, ou semanas, dias, horas. um míssil russo leva 3 minutos e 20 segundos a chegar a Estrasburgo. Minutos.
Nada disto é agradável. Tento afastar pensamentos angustiantes, o que consigo com relativa facilidade. Pelo menos por agora. Ou será que ter vivido sessenta anos me confere algum desapego em relação à vida? Duvido. Duvido muito. Mas, a verdade, verdadinha, é que prefiro não tentar compreender. A verdade, verdadinha é que gosto da vida que tenho e preferia continuar a vivê-la. Se pudesse ser.
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